Simplesmente José Ribeiro, da Beleza da Rosa
A BELEZA DA ROSA, de (Pedrinho / Helvila), desbota, mas não perde a cor, pois José Ribeiro, seu intérprete, nos deixou no dia 9 de maio passado, aos 84 de idade.
Ele, assim como Odair José, Carlos Alexandre, e congêneres, era filho temporão da Jovem Guarda, e cria do Roberto Carlos. Mais velho que o próprio Rei, vinha batalhando desde a década de 1960, até que teve a chance de uma grande gravadora. Antes de ficar famoso pelo seu romantismo, tentou ser cantor de baião, mas seu sotaque mineiro e a voz explicitamente nasalada não lhe ajudaram muito. Aí o homem partiu para o romantismo, inspirado no ídolo Anísio Silva.
José Ribeiro foi colega de gravadora de Roberto Carlos na CBS, tiveram o mesmo produtor, Mauro Motta, e diretor artístico, Evandro Ribeiro, este, “eminência parda” na CBS durante trinta anos: JR, encontrava o RC na gravadora, mas não eram amigos. Depois de se lançar pela Copacabana, o mineiro queria ir para a Odeon. Um dia, um amigo lhe apresentou ao cantor José Roberto, este o apresentou a Renato Barros, do grupo, Renato e seus Blue Caps, que levou ao manda chuva, Evandro, uma fita do JR, e sugeriu que ele gravasse um compacto, mas Evandro ordenou que ele gravasse logo um LP. O entusiasmo do diretor, era porque o José já enfrentara o imbatível Roberto Carlos nas paradas de sucesso em 1968, com a linda canção ”ME CASAVA COM ELA, (Copacabana).
Quando estourou com a “Beleza da Rosa”, ele dividiu as paradas com o Rei. Se não vendeu mais do Roberto, chegou perto: “O primeiro LP pela CBS vendeu 800 mil cópias. O segundo, já saiu da fábrica com cem mil cópias vendidas. José, não apareceu mais na época, porque a CBS tinha Roberto Carlos como prioridade e JR corria noutra faixa, já que a gravador queria alguém para o público de Roberto Müller e Carlos Alberto, cantores de bolerões.
Lembro que em 1974, na época da enchente, fomos, eu e minha família para casa do meu avô paterno em Mata Fresca. Naquele período de férias fora de época foi que tive a grata satisfação de ouvir um dos Lps mais agradáveis ao meu ouvido de garoto sedento por música. Trata-se do disco “MEU CORAÇÃ QUE NÃO TE ESQUECE”, do consagrado José Ribeiro. O disco trazia canções românticas e das doze faixas, seis fizeram sucesso nas rádios do Brasil: Na Porta da Cozinha (Joel Teixeira e J. Cipriano), Um Amor Vai, Outro Vem (Niquinho e Othon Russo), Meu Coração Que Não Te Esquece (J. Cipriano e Pedrinho) e A Maior Saudade Minha (Fernando Barreto e J. Cipriano).
O bom ouvinte descobre nesse disco, a beleza dos arranjos da época, que contam com violinos, violas, flautas, guitarra, órgão, sem falar nos vocais. A voz do artista, tem suavidade, e conseguiu mesmo com o seu timbre meio anasalado, agradar aos muitos ouvintes daqueles tempos, como eu.