Vôo solitário
Tire as mãos de mim. Jogue-me fora. Largue-me. Não quero ficar assim em sua casa fechada. Sua casa vazia. Preciso de ar. Preciso respirar. Não volte aqui. Não aceito seus cadeados. Suas fechaduras. Suas chaves. Suas regras. Sua rua sem saída. Não quero compactuar com isto. Não quero matar o broto que nasce. Não me venha mostrar o caminho. Quero encontrá-lo sozinho. Não preciso de palpites para ser feliz. Nem de um amor dividido. Não preciso de algemas para o adeus. Tire este olhar maldito de mim. Não fale mais nada. Preciso voar. Um vôo solitário. Talvez sem amarras, sem ódio. Preciso ficar só. Preciso pensar a minha vida. Não suporto mais sua cara feia. Suas migalhas mal servidas. Sua morada longe. Quero distância de tudo isto. Quero paz. Quero tranqüilidade para poder observar o mar. Apreciar o sol nascendo. Liberdade de fazer o que quero sem seu olhar repressor. Sem seu maldito olhar, que castra tudo envenena o mundo.