VIVER É DIFÍCIL

Nem sempre podemos fazer as coisas planejadas. Na vida improvisei tanta coisa que nem dá para listar. Na infância improvisava desculpas por chegar suja de terra nos calçados ou no vestido. Na adolescência inventava urgência de ir a casa de uma amiga por problemas em lição de escola. Nunca considerei isso como mentiras, mas desculpas esfarrapadas para ter um convívio social dentro do que eu achava razoável. A taça que mereci pelo melhor improviso foi na culinária, quando recebi visitas vindas de surpresa de Minas. Tinha tão pouco material para uma refeição as onze horas da noite que agi como uma desesperada a procura de ingredientes que alimentassem cinco pessoas. Quarenta minutos depois estava servindo um risoto misterioso, à moda da casa, para ficar pomposo. A fome é uma aliada inestimável das cozinheiras, de tal forma que os elogios me deixaram corada! A receita? Nem pensar! Era receita de família. Não posso trair minha avozinha. Até porque acho que reagiriam muito mal quando soubessem que o encorpante de meu prato eram bananas verdes colhidas a tarde, no quintal.