Qual o limite para o romantismo, o sentimentalismo e a cafonice musical?
Desde a época do samba canção que a música cafona, ocupa o maior espaço nos ouvidos do povo brasileiro. O cantor Roberto Carlos, é tido como o maior representante do estilo chamado romântico e um dos poucos artistas, que passou a fazer esse tipo de música ser sucesso de crítica e de público. Para a maioria dos artistas brasileiros românticos populares, mesmo sendo grandes vendedores de discos, sobra a alcunha nada positiva de “cafona, brega ou algo que o valha”. Esse termo mal-assombrado, passou a estigmatizar artistas como Paulo Sérgio, Altemar Dutra, Odair José, Waldick Soriano, Reginaldo Rossi...
Antes da década de 1960, o bolero era o estilo que assumia a dianteira das canções piegas, ou seja, das dores de cotovelo. Mas em seguida veio o ritmo da juventude que se inspirava no twíst, no rock dos Beatles e nas baladas italianas. Na segunda metade dos anos setenta, uma nova onda de cantores românticos teve lugar. Era um estilo de roupagem dita “moderna”, fortemente influenciado pelas discotecas e o pop dançante que estava na moda. Esse estilo veio para enfatizar as danças e gestos sensuais, chegando à vulgaridade, como se via nos rebolados e pantomimas do cantor Sidney Magal, com as suas “Sandra Rosa Madalena e O Meu Sangue Ferve por Você” , e também de Gretchen com o seu Melô do Piripipi e Conga la Conga.
A partir da década de 1980 o termo "brega" passou a ser cunhado largamente na imprensa do nosso país, para designar de maneira pejorativa, uma música sem valor artístico. Embora sem uma conceituação aprofundada, a pecha servia para designar um som de mau gosto, geralmente feito para as camadas populares, com exageros de dramaticidade e/ou letras de uma insuportável ingenuidade". Era o caso por exemplo do trabalho de cantores da linha de Amado Batista, Wando e outros constantemente presentes em programas de auditório da televisão como Gilliard, Fábio Junior e José Augusto.
Depois, o estilo passou a influenciar e se fundir a outros artistas e gêneros musicais, o que tornava, na verdade, cada vez mais impreciso estabelecer uma definição clara sobre o que seria "música brega". Como resultado desta ausência conceitual exata e precisa sobre o que seria o "brega", o termo muitas vezes não se restringia apenas aos artistas romântico-populares, como também podia abarcar artistas vinculados a outros gêneros musicais, como Alcione, Chitãozinho e Xororó, ligados respectivamente ao samba e ao sertanejo.