DISCIPLINANDO NOSSAS VIDAS. O QUE É IMPORTANTE.
Não podemos planejar nada de importante, só coisas comuns.
Importâncias são sempre distantes.
Vivamos o dia atual, apenas o dia atual, sem antecipar os outros, metas são fugazes, o dia atual não soa estranho. Está presente.
Disciplina possível sem transgredir sua felicidade não transgredindo a dos outros, respeitar antes de tudo , hábito, costume e necessidade, que não tragam ansiedade.
A sobrevivência resolve-se pela determinação. Em entrevista que tenho guardada, conseguida para jovem repórter à época, meu conhecido, perguntou a meu pai, uma das mais altas autoridades do Estado, Presidente de um Poder, qual conselho daria aos jovens, disse então: “Que tenha um ideal e o alimente com todas as forças, não enfraqueça em sua busca e ele se tornará realidade.”
Nada que fiz de mais significado na minha vida foi planejado. Foi acontecendo, de forma marcante. Não planejei importâncias no sentido de serem estruturais para minha vida. Nossa Senhora foi o que de mais importante aconteceu em minha vida. Na vastíssima biblioteca de meu pai, abria seus livros, e principalmente os Códigos, lia principalmente e não me esqueço, obrigações em Direito Civil, e pensava, nunca vou entender nada disso, muito complicado, e é.
Planejar importâncias ou querê-las resta em pequenas coisas. Incrível e verdadeiro. Construir e criar algo novo, teve em, Dubuffet, notável arquiteto francês a grande definição: “a arte em geral acontece sem esperar, sem planejamentos. Trata-se do espírito livre.” Verdade intensa.
Por que não se consegue olhar para nossa vida com um pouco da calma que Ele, Jesus, transmitia sempre, mesmo em sua agonia no Gtesemani?
Que forças são essas que poucos alcançam diante de nossas fragilidades? Que aceitam a inevitabilidade com calma e compreensão?
Nada melhor que festejar a calma, a compreensão ainda que em meio a dissenção humana.
O homem busca a paz e a calma que lhe fogem em meio à turbulência para sobreviver, no caos da angústia que lhe chega na visão espalhada do egoísmo cultivado por uma humanidade que tenta e não consegue, caminhar sem pressa para harmoniosa irmandade, sempre deficitária.
Desde o avanço do iluminismo com a Enciclopédia de Diderot, o movimento resgatou o mínimo, não a magnificência de seu alvedrio, recusado pela inferioridade humana.
Essa arrancada para a luminosidade mirada já tinha seus passos em Milton, Locke e Hobbes, envolvidos em desmistificar a filosofia como diletantismo, apurando-a aos planos de melhorar a humanidade, o humanismo.Era movimento da inteligência.
Spinoza centra a vida e respectivos comportamentos, neles incluído o religioso, na necessariedade de " non ridere, non lugere, neque detestare, sed intelligere." Não devemos rir, nem lamentar ou detestar, mas entender.
É a grande e insubstituível alavanca para atingir o melhor. Compreender.
Quem pode e deve chegar a compreender a incompreensão em todos seus matizes, atinge as cumeadas do coração, que só pretende bater monocordicamente ao lado do entendimento.
O Iluminismo distinguindo a razão da fé, nem por isso deixou de ditar a Lei Moral no que se embasam as crenças justificadas pelo que é bom em termos gerais. Isso devia acontecer com a política.
Os pensadores estavam primordialmente no movimento agregados. Todos os movimentos libertários do direito e da desagregação do Estado se fincaram no iluminismo.
Na caça do entendimento, voltou-se ao pragmatismo do classicismo grego. O entendimento com equação visando harmonia foi o que sempre se buscou. Os desmandos do homem personalista guindado ao Poder Estatal não permitem o exercício desse princípio. O coletivo foi esquecido, em favor do individual.
A política sempre se serviu dos movimentos da inteligência, dela promanados. Alimentava-os os intelectuais.
No Renascimento, os príncipes tinham próximos os intelectuais, os uomini d’ingegnio,(homens de gênio) como foram Dante e Da Vinci. No Iluminismo, os pensadores ( a inteligência, o "logos") abraçando a razão, distanciaram-se da realeza, do Estado absolutista, fundamentalmente dos derradeiros Luízes. Por quê? Para combater a subtração de direitos de ordem natural pelo Estado.
Contemporaneamente os intelectuais se afastaram da política. É de fácil visão. Até mesmo em cargos de assessoramento teme-se envolvimento com espaços menos nobres.
Creio e tenho firme certeza que os valores políticos se desviaram e dissiparam-se por força desse afastamento. Quem não pode praticar a Ética (ciência) no exercício do Poder Estatal e nem o assessorando, dele se distancia.
O judiciário, mesmo com as falhas humanas inerentes ao sentido da condição humana, é o Poder onde se encontra a visão social mais ampla, por um simples motivo, lidam diariamente com os conflitos de interesses de toda a sorte, e conhecem de perto as mazelas humanas.
É fácil ver a implementação de cargos políticos por pessoas egressas de todas as atividades, muito pouco de membros do judiciário quando se afastam por aposentadoria, embora para tanto procurados em cargos de assessoramento. Eu mesmo já recusei.
Fica difícil não mexer na mesma panela que os políticos mexem, ou mexe ou não fica....
“Tais são os preceitos do direito: viver honestamente, não ofender ninguém, dar a cada um o que lhe pertence.” Ulpiano
É DO QUE PRECISA A HUMANIDADE.