TEMPESTADES

(Por Érica Cinara Santos)

Mas toda tempestade traz a bonança!

Embora comece esta crônica com uma conjunção adversativa, penso com cada vez mais convicção que as adversidades têm uma função primordial: trazer à vista de todos os pontos sombrios, as obscuridades para que possam ser dissolvidos pela luz.

O caos antecede a ordem. Não há como arrumar alguma coisa sem que toda a sujeira esteja fora de seus esconderijos. Portanto, embora a tempestade traga a angustia, o desconforto e o medo consigo; por mais que nos sintamos inseguros, não é racional nem emocionalmente saudável reforçar a sombra com pensamentos e atitudes pessimistas. Focar no problema não traz a solução. Faz-se mister focar na solução!

Não estamos construindo uma distopia. Não precisamos temer a tal pavorosa “República de Gilead” idealizada por Atwood. Não é a angustiante resposta que finaliza cada estrofe do poema “O Corvo” de Edgar Allan Poe que nos está perseguindo. E se o é, que o famoso “Never more” seja apenas para os erros. Erros NUNCA MAIS!

Em plena transição planetária, estamos caminhando para a Regeneração, não para o primitivismo. Não estamos sós no universo. E por mais místico que isso possa parecer, deixemos um pouquinho de lado a arrogância da humanidade Terrestre em achar que o universo inteiro existe apenas para alegrar aos nossos olhos e pensemos que nossa evolução está sendo permanentemente acompanhada. Que, tal como o anjo da guarda, guia, espírito protetor ou como queira chamar está acompanhando a cada um individualmente, existe, em missões mais amplas, uma legião de benfeitores acompanhando e colaborando para a dissolução das sombras na evolução de cada nação e de nosso orbe como um todo.

Nós já cometemos muitos erros ao longo da nossa história. O holocausto, a Ku Klux Klan, a “santa inquisição”, as Cruzadas, as guerras mundiais e inúmeros outros, todos nascidos do preconceito, do fundamentalismo religioso e/ou do orgulho, vaidade, egoísmo, arrogância, prepotência e cobiça exacerbados mascarados nos mais diferentes comportamentos e sistemas sócio-político-econômicos.

Semelhante atrai semelhante. A quê ou a quem estamos consciente ou inconscientemente nos conectando? A quê ou a quem estamos dando abertura? Se as mesmas dores persistem, as mesmas situações, as mesmas pessoas, por que ainda não paramos para analisar quais o erros que estamos repetidamente insistindo em cometer para que estejamos andando em círculos?

Felizmente, porém, o entendimento de que somos co-criadores de tudo que vivemos nos abre a alma para a força inimaginável que cada um de nós possui. Nos faz compreender os erros do passado e do presente da humanidade apenas como ferramentas para construção de um mundo infinitamente melhor.

Nunca foi tão primordial e elementar olhar para dentro. Ver o que precisa ser melhorado no interior de cada um e realizar essa mudança. Trabalhar a nossa transformação interior, cada um individualmente fatalmente trará a transformação do coletivo.

Não é mais hora de apontar o dedo para fora. É hora de aponta-lo para dentro de si, não com um sentimento de culpa e auto-reprovação, mas com um sentimento de acolhimento. Acolher o que somos como uma mãe que acolhe a criança cujo aprendizado ainda está em processo; mas que sabe que esse processo jamais poderá estacionar.

Por fim,...não tenhamos medo das tempestades.

Érica Cinara Santos
Enviado por Érica Cinara Santos em 29/05/2018
Reeditado em 08/03/2020
Código do texto: T6349712
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