Dos velhinhos na rua
Não o havia reparado nunca pelo caminho. Talvez fosse culpa dos meus fones, óculos escuros ou minha inevitável pressa. Passando por mim ele me olhou, sorriu levemente e disse “bom dia!” com tanta calma e gentileza que até me surpreendi. Respondi-lhe com um “bom dia!” menos calmo, porém não menos gentil e com aquele enorme sorriso. Foi um tanto impactante para mim, pois em dois anos não presenciara tal gentileza nessa cidade. Continuei andando, agora com um leve sorriso aos cantos da boca a enfeitar o rosto e, vez ou outra, olhava para traz fitando o ilustre velhinho que se afastava aos passos de sua caminhada.
Quando cheguei em casa, não muito depois disso, fiquei a refletir sobre minha reação com o pequeno “bom dia” de uma enorme atitude. Sabe, percebi que os seres humanos estão se acabando.