Uma pequena praia .
Desci a passos lentos e cuidadosos, saboreando a brisa e tocando a areia com seus pequenos seixos, e nas mãos as sandálias que agora não serviam para nada.
Os barcos ancorados esperando a próxima manhã, e nessa prainha carregada de história, também fazia a minha própria história , deixei que as águas molhassem meus pés, morna do calor guardado da tarde de verão.
Havia sido cenário de uma infância longínqua, de passeios na calçada com sorvetes e carruagens , marionetes no parque e balões à gás. Agora os pés cansados de tantas andanças estavam exatamente lá, onde havia estado tantas vezes brincando com a pá e o baldinho- " Agora eu já posso morrer ". O círculo parece se fechar em alguns momentos da vida, e esse pensamento preenche a sensação de completude.
Quando voltamos ao hotel, nos sentamos de frente ao mar, sobre os rochedos, e o garçom trouxe o vinho tinto, e perguntou ; " De onde o senhor é ?" .
- Sou daqui, nasci a duas quadras , sou de " La Viña" ( o nome do bairro ).
Ficou me olhando meio incrédulo, a minha fala diferente pelos tantos anos longe, e com uma certa curiosidade , se afastou sem nada dizer.
Os espanhóis não são de puxar papo com desconhecidos, mesmo funcionários de hoteis. Isso já sabia, e não liguei. A formalidade se faz presente em todas as partes, não reduzem distâncias, é característica.
Estavamos em Cádiz, no centro histórico, onde nasci, a duas quadras da praia "La Caleta", uma cidade que guarda quatro milênios de história. Junto com Lisboa, são as duas cidades mais antigas da Península.
Saindo um pouco da cidade, vi arqueólogos
e pesquisadores escavando e anotando dados em pranchetas, alguns limpando as pequenas relíquias romanas com pinceis, em espaços delineados no solo. Os carros transitavam próximos a eles, e tudo parecia muito natural.
Uma grande réplica da nau " La Niña", de Colombo em tamanho natural estava logo à frente, em uma rotatória, pois havia sido feita na cidade, de onde o navegador saíra para as Américas.
O trânsito não é intenso, e pode se conduzir com tranquilidade, mas na minha cidade eu fazia questão de andar à pé, pelas manhãs, antes da minha esposa se levantar, fazendo grandes caminhadas, como o meu pai fazia conosco quando era criança, e as luzes iam se acendendo uma a uma. Como é curiosa a memória das pessoas, quanta magia !
Desci a passos lentos e cuidadosos, saboreando a brisa e tocando a areia com seus pequenos seixos, e nas mãos as sandálias que agora não serviam para nada.
Os barcos ancorados esperando a próxima manhã, e nessa prainha carregada de história, também fazia a minha própria história , deixei que as águas molhassem meus pés, morna do calor guardado da tarde de verão.
Havia sido cenário de uma infância longínqua, de passeios na calçada com sorvetes e carruagens , marionetes no parque e balões à gás. Agora os pés cansados de tantas andanças estavam exatamente lá, onde havia estado tantas vezes brincando com a pá e o baldinho- " Agora eu já posso morrer ". O círculo parece se fechar em alguns momentos da vida, e esse pensamento preenche a sensação de completude.
Quando voltamos ao hotel, nos sentamos de frente ao mar, sobre os rochedos, e o garçom trouxe o vinho tinto, e perguntou ; " De onde o senhor é ?" .
- Sou daqui, nasci a duas quadras , sou de " La Viña" ( o nome do bairro ).
Ficou me olhando meio incrédulo, a minha fala diferente pelos tantos anos longe, e com uma certa curiosidade , se afastou sem nada dizer.
Os espanhóis não são de puxar papo com desconhecidos, mesmo funcionários de hoteis. Isso já sabia, e não liguei. A formalidade se faz presente em todas as partes, não reduzem distâncias, é característica.
Estavamos em Cádiz, no centro histórico, onde nasci, a duas quadras da praia "La Caleta", uma cidade que guarda quatro milênios de história. Junto com Lisboa, são as duas cidades mais antigas da Península.
Saindo um pouco da cidade, vi arqueólogos
e pesquisadores escavando e anotando dados em pranchetas, alguns limpando as pequenas relíquias romanas com pinceis, em espaços delineados no solo. Os carros transitavam próximos a eles, e tudo parecia muito natural.
Uma grande réplica da nau " La Niña", de Colombo em tamanho natural estava logo à frente, em uma rotatória, pois havia sido feita na cidade, de onde o navegador saíra para as Américas.
O trânsito não é intenso, e pode se conduzir com tranquilidade, mas na minha cidade eu fazia questão de andar à pé, pelas manhãs, antes da minha esposa se levantar, fazendo grandes caminhadas, como o meu pai fazia conosco quando era criança, e as luzes iam se acendendo uma a uma. Como é curiosa a memória das pessoas, quanta magia !