DE BELÉM A TOMAZINA
DE BELÉM A TOMAZINA
"...cabe ao historiador preencher com
imaginação as lacunas do Passado
que o Tempo não desvendou".
(autor ignorado -- trecho de livro)
Se o casual leitor ou a eventual leitora concluíram que eu teria feito essa viagem, se enganaram redondamente... o título "repete" obra de escritora amiga, Eliete Fabiano que, recuperando as memórias de sua infância e juventude, relembrou em 1990 os seus dias de menina em Belém e a mudança -- pelas mãs, digo, "garras" de uma "má-drasta" -- até a mineira Nova Lima, de onde retornaria já casada e com 2 filhas.
Acompanhei o "nascimento" da autobiografia, revisei algumas páginas, "palpitei" aqui e ali... em um país que não lê produzir um livro é tortura e "suicídio"... vende-se dúzia e meia de obras no dia do lançamento, doa-se outro tanto e o restante termina mofando num canto da casa, "monumento" ao analfabetismo e ao descaso com a Cultura. Não tenho a pretensão de gastar 1 centavo editando meus "futuros" livros, cujos originais estão prontos desde 2000 ou 2010, no caso das crônicas. Se encontrar alguma Editora com coragem suficiente para fazê-lo, só quero "em troca" disso uns 20 exemplares... e essa "nova Ortografia" petista ridícula, que nos foi imposta, não me anima nada !
Assisti como terminaram 3 ou 4 incursões nessa área, fracassos retumbantes de escritores amadores na seara cultural de Belém, entre 1988 e 95. Ora, se uma autora de qualidade, talento reconhecido, "imortal" da APL com 3 décadas de atuação literária como Sílvia Helena Tocantins vendia 80 ou cem livros na noite de autógrafos, só por milagre um escritor desconhecido (e, pior, iniciante) conseguirá repassar 1/3 disso. Me contentarei em editar meus cordéis -- os comportados, "certinhos", sem críticas nem polêmicas -- esses, sim, mais populares, baratos e com chances de venda no mercado. Entretanto, o título desta crônica se justifica: em Belém se reuniram em 1984 os 3 irmãos e seu pai aos sobrinhos e netos !
O recente falecimento de meu irmão mais velho Antônio Carlos em Recife serviu para reunir a família em torno de uma suposta "herança" de nosso pai, motorista de caminhão, que se foi aos 98 anos, em 27 de maio de 2015, no Rio. Esse amargo 2018 que já quero ver "pelas costas" também serviu para "revelar" um novo "escritor" na família: meu irmão Antônio (o "Carlos" pouco se usava !) mas nunca fui o único... meu primo Joãzinho passava o dia "rabiscando" páginas marrons e tia Anita escrevia belas cartas. Já meu irmão gêmeo Renato, sempre que escreve quer "fazer ginástica" com as palavras, torcê-las ou distorcê-las para que ganhem outros significados, um novo José "Macaco" Simão a fazer "trocadalhos do carilho", como se dizia antigamente.
Mas, 2018 nos reserva outra surpresa: os AZEVEDO, além de escreverem, FOTOGRAFAVAM... meu sobrinho-xará "Natinho" nos enviou perto de 30 fotos da família em Rio Negro, por volta de 1970/75 e creio eu que em Tomazina lá por 1935/40, ambas no Paraná, sendo esta a cidade onde tudo começou, onde Antônio Theodoro de Azevedo e Maria do Carmo Palmas se uniram para criar a Família PALMAS AZEVEDO.
Contudo, as fotos mais confundem do que revelam esse Passado oculto: minha avó, nascida por volta de 1880, está ao lado de um homem bem idoso que, sendo seu marido, teria nascido em outro local, já que Tomazina foi fundada em 1867. São questões a se esclarecer algum dia ! E se fôr êle o avô do trio de jovens, em pé acima do casal sentado ?! Seria nosso bisavô, traços italianos no rosto de cabelos de neve... em outra foto estaria a mesma Maria do Carmo ladeada por 2 outras mulheres, mais velhas. Novo impasse: 2 irmãs dela ou, quem sabe, a mãe (nossa bisavó) e uma tia ?!
Só em Tomazina -- se restar alguém daquela época ainda vivo -- isso se esclarecerá. Quem sabe eu não faça mesmo a tal viagem do título desta crônica e disso não surja um livro ?! Deus me livre de tal destino... adoraria conhecer Tomazina mas, quanto a escrever livros, nem pensar ! Só que a história dos Azevedo não termina aqui, muito pelo contrário. Em foto de 1948 registrada em SP, o "trintão" João Palmas apresenta "a futura nora à mãe" (texto no verso), dona Maria do Carmo. Portanto, já estavam em Rio Negro nessa época, vindos de Tomazina, 350 longos quilômetros cruzando os 2 extremos do Paraná, talvez de carroça ou, quem sabe, em pequena caminhonete com cara de "Jeep"... caminhões surgiriam somente a partir de uma fábrica da GMC - General Motors Company, nos anos 50, ja na "Era Juscelino", ainda como governador da bela Minas Gerais, tão ligada ao clã dos Azevedo. A garotada da época não perdeu tempo e o nome dos "monstrengos" com "pés" de borracha virou "Getúlio Morreu Cagando" !
Minha prima (adotiva) Ivone poderia esclarecer ao menos o nome dos pais de minha avó paterna, caso tivesse a certidão de nascimento dela, Tudo leva a crer que -- avô ou "nono" -- o sr. Antônio Theodoro faleceu em Tomazina, tendo vindo de lá somente a viúva, os 3 filhos da foto (ver anexo) que suponho serem os tios Júlia, José e Ana, adiante "Anita" e, talvez, o caixeiro-viajante bem falante e impressionante CINCINATO FIGUE(i)REDO (com I ?!), mais um bebê de meses do qual pouco se fala ou se sabe... meu primo Joãozinho, homenagem ao irmão que Anita sempre admirou, no caso, meu pai.
Não se faz História sem suposições, hipóteses, "chutes"... creio que o jovem João "ganhou o Mundo" (em 1930 e poucos), por isso não estaria nas fotos feitas em Tomazina por volta de 1935/40. É possível, acessando antigos dados da (extinta ?) RFF - Rede Ferroviária Federal, saber em que período meu pai trabalhou lá, aposentado após acidente que quase lhe amputou o pé.
As fotos não mentem jamais: em jornal de Copacabana, no Rio de 1940, lá está êle com seu táxi-"hipopótamo" no sopé da Ladeira dos Tabajaras, certamente à espera de sua "Maria", que nem Maria era... em 1947 nascia lá seu primeiro filho carioca, no ano seguinte "noivava" em SP com uma certa Christina, linda loira com traços alemães ou italianos. Em 1952 surgiam os gêmeos no mesmo barraco, enquanto seu apartamento no Catete abrigava amigos dele. Nesse "intervalo" teria se casado... com uma certa Ana Ataíde ou Ana da Silva, segundo a certidão de óbito, de 27 de maio de 2015, com 98 anos bem vividos.
O homem que iniciou toda essa geração de Azevedos teve muitas estórias, que os 3 filhos quase não conheceram, caminhoneiro que foi por mais de 30 ANOS, além de "chofer de praça", como se dizia antigamente. Algumas delas ainda serão contadas... quem viver, verá !
"NATO" AZEVEDO (26/maio 2018 - Ananindeua, PARÁ)
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OBS: neste domingo faz 3 anos de sua morte... descanse em paz, meu pai ! (As fotos estarão em meu espaço no FACEBOOK, na terça)