OS TANQUES E A DEMOCRACIA

Nos postos de abastecimento os tanques estão vazios. Muitos carros nas garagens de tanques vazios. Os poucos veículos nas ruas estão com o combustível na reserva. O povo está administrando a paciência na reserva. E os tanques nos quartéis estão sendo abastecidos.

O povo clama pelos tanques, estes ou aqueles? Nunca tanques e democracia estiveram tão interligados. Tão dependentes um do outro. Visceralmente conectados.

Seriam tanques e “tanques”? Ou “tanques” e tanques? Não é mero exercício de retórica. È dependência total. É sobrevivência. Ligação umbilical.

Democracia ou “democracia”? Não isso não. Democracia é genuína, sem aspas, sem segundas intenções. Se não for transparente essa conquista da humanidade (a Democracia para deixar bem claro), não funciona. Está num frágil equilíbrio. Pesos e contrapesos em suspensão. Cada um coloca a sua pedrinha, seu tijolinho, sua opinião (assim como faço agora), na construção do edifício democrático. Isso leva tempo. O equilíbrio é no fio da navalha (sem trocadilho, por favor) e se alguém puxar um bloquinho da base, tudo pode vir abaixo tal qual um castelo de cartas.

Se o edifício da democracia ruir, não sobra pedra sobre pedra. A construção tem que começar pela base. Tudo de novo e haja paciência. E conversa. E haja paciência. E diálogo. E haja paciência. Nova caminhada. Já não há paciência. Tem gente querendo apagar o incêndio com gasolina (com trocadilho).

A solução? Difícil. Que venham os tanques cheios de combustível.

Mas então, o que fazemos? Por hora deixemos os tanques de lado e tratemos com carinho a nossa frágil criança,

A Democracia está na UTI e precisa de cuidados!

Porto Alegre, 26 de maio de 2018.

Jorge Luiz Bledow

E-mail: bledow @cpovo.net