EUTANÁSIA DA ESPÉCIE.NA VIDA TUDO PASSA.
Por que o homem gosta de antever o que não tem nenhuma condição de antecipar? A extinção de nossa espécie, por exemplo.
Curiosidade ou ansiedade?
Chocar ou chamar atenção é o grande foco, desde uma pequena rede de comunicação, como nos dá hoje oportunidade a interlocução via internet, até grandes lançamentos editoriais em fabulosos espaços.
O choque gera não só lucro e renda, sendo o caso, mas fama e visibilidade ainda que sítio paroquial. Parece ser o que uma significativa maioria anda atrás.
Pouca importância se dá ao que é importante, lastimavelmente.
Não se presta atenção no que é particular, se atiram setas com tranquilidade para desconstruções que não somam ao menos o mínimo. Olhar para dentro , para o “ego”, sem descerrar o véu do “id” que lá está e assim deve ficar para equilibrar a psique.
“O ser humano está feito para o dom que exprime e realiza sua dimensão de transcendência. Por vezes o homem moderno convence-se, erroneamente, de que é o único autor de si mesmo, da sua vida e da sociedade. Trata-se de uma presunção, resultante do encerramento egoísta em si mesmo..”, fls.57. Caritas In Veritate, Encíclica do Sumo Pontífice Bento XVI.
Está lançada a conhecida estrada do “pecado das origens”, como rotula o intelectual de ponta máxima, Cardeal Ratzinger.
Não será a previsão inorgânica e indemonstrável em digressão ao passado, nem com a ciência física, nem astronomicamente ou de quaisquer ângulos que se queira abordar, que submeterá à análise racional, a inversão dos polos com inundação devastadora do conhecimento mínimo.
Antes olhe-se para o homem e será possível dizer que ele acabará com sua espécie pelo andar da carruagem.
Colocado um nome de respeito na ciência antropológica contemporânea, Claude Lévi-Strauss, é possível refletir. O gigante nome da antropologia, que viveu anos em meio a nossos indígenas e outros tantos povos incorporados ainda à natureza virgem, deixou claro que o ser humano é basicamente uma espécie passageira que deixará poucos traços de sua história após sua extinção.
A que se deve essa sentença de um exímio e notável observador do andamento antropológico?
Logicamente à atuação do ser humano em seu “habitat”, no meio onde vive.
E não é admissível que pessoa medianamente inteligente não perceba que a espécie desaparecerá. Só não se sabe o desfecho, se com catástrofes climáticas simultâneas ou em tempo maior. Se cresce a demografia, em grande escala, a população mundial projetada em números extraordinários, cresce também a demanda por tudo, através da famosa sobrevivência egoísta, de homem a homem , de nação a nação.
Haveria controle? Sim e não, o sim estaria no reconhecimento e respeito à natureza e o não em posição contrária.
Pelo que se vê em progresso de respeito e humanismo, caminhamos, observado o tempo e a exaustão das fontes de vida, para um processo de eutanásia da espécie.
Se ao menos as regras básicas do amor humano fossem respeitadas, as gerações aguardariam a cessação da espécie com certa serenidade havendo compreensão, mas ninguém abre mão de fustigar e tentar diminuir de alguma forma seu semelhante, por vezes sem mesmo perceber que tal conduta se dá por uma volição ensombrada e forrada de problemas quase imperceptíveis. Uma endogenia não identificada. É endógeno o perfil insidioso e inocente ao mesmo tempo, conflito de princípios, conscientes ou não, filtragem paradoxal.
As garras anímicas são insondáveis, e conhecer a si mesmo é quase um impossível passo para uma pacífica e saudável vida humana.
É uma causalidade como em Kant explicada, categorias de relacionamento da pessoa com si mesma.
A sensibilidade recebe o que é percebido e ministra seu cunho de entendimento a partir de relações que assume, de feição inteligível para nós, permitindo nosso conhecimento.
É a razão de cada um. Uma fina sintonia que Kant afirma ser o erro da metafísica tradicional. Estamos sempre, querendo ou não, conscientemente ou não, na busca pela causa primeira, ao sair do particular e buscar a causação geral.
É isso que Kant chama de uso regulativo da razão.
Ao usar a razão apenas para lidar com o que a experiência nos dá passamos a exercer um uso construtivo dos nossos processos racionais. E eles são difusos.