Cartas de um Voador
Oi
Há anos trocamos nem um bilhete sequer, né? A tecnologia nos envaidece e nos orgulhamos de afastamentos ou qualquer coisa. E o tempo passa... Passa rápido.
Bem, há tanta coisa, sabe? Tantas vozes, cabeças, mundos e olhares que vivo entre devaneios improváveis e nostalgias de comparação. Sim, comparação. Às vezes alguns olhares remetem outras pessoas e não às que ali se apresentam. Pode ser isso um fruto de carência, estranhamento, confusões mentais ou vislumbres. A essa altura, o que importa também? São simples produções para alimentar a alma e tentar impedir que ela se curve à terra.
Os dias passam, horas voam e os segundos demoram-se. É quase inacreditável... Quase! São cheios de vazios que enchem tantos mais vagos momentos que as horas pingam como chuva escorrendo nos galhos de goiabeiras: batem forte e escorrem calmas, sem obrigações. Tantas coisas novas e velhas também que nem caberiam nas dimensões possíveis desse vão papel. Talvez sejam tantas coisas que poderiam entornar um rio por suas laterais e barragens. Mas vou ater-me ao silêncio dessas palavras, que já fazem meu Eu transbordar. Guarde contigo meu silêncio e mantenha-o assim, como uma criança dormindo. Palavras não ditas valem o ouro não encontrado por terceiros, alheios, fulanos e cicranos... Valem até um amor.
Bem, por aqui me despeço disso que deveria ser uma carta e se tornou uma crônica de um ignorante. Releve mesmo assim.
Fique bem por aí. Eu quieto fico por aqui.