CHOVE LÁ FORA.

A chuva cai serena nesta manhã, o frio desavisadamente invade a casa toda, ganha o quarto, entra debaixo do cobertor, tira minha vontade de levantar, mas não há outra opção. Contrariando minha vontade, me levanto espreguiçando, minha filha e esposa continuam debaixo dos cobertores em sono profundo e roncos ruidosos, coloco uma blusa bem grossa meias nos pés e vou para a cozinha fazer o café, essa é a minha rotina.

Olho o relógio na parede, ele marca oito horas e trinta e cinco minutos em ponto, o dia continua chuvoso e frio, minha cachorra, Lili, quando percebeu minha movimentação começou a chorar e arranhar a porta da cozinha querendo entrar, abro a porta, ela entra a todo vapor tropeçando nas próprias patas, balançando o rabinho de um lado para o outro querendo brincar; faço um carinho em seus pelos macios e a coloco para o lado de fora. É bonito filhote fêmea, muito travessa, de algum vira lata qualquer, a encontrei perdida em uma rua perto de casa, prefiro assim, cachorro de raça dá muito trabalho, sem dizer que certas raças exigem um bom capital para mantê-los.

Retomo o café que estava fazendo, e religiosamente, todas as vezes que eu faço o café uso a mesma caneca de alumínio, ainda que ela esteja bem velha e gasta, me acostumei, de tanto usá-la, a parte do teflon interno desbotou, bem na medida exata da água, isso facilita muito minha vida, coloco o pó de café no coador e o pote de açúcar de lado. Não demora muito e aquela primeira medida de água ferve, a despejo na garrafa para pré-aquecê-lo, coloco novamente outra medida de água na caneca de alumínio, agora com duas medidas de açúcar, e deixo ferver. O dia continua chuvoso e cada vez mais frio. Não demora a água começa borbulhar fazendo a caneca tremular no fogão, coloco o coador sobre a garrafa e passo o café lentamente; a fumaça sobe ligeira, perfumando todo o ambiente com aquele cheirinho típico e gostoso, lá do meu quarto que fica na parte de cima da casa minha esposa me chama:

- Amor o café tá pronto?

- Sim meu bem, pode vir.

- Por favor, compre pão, só dois viu, tem um aí na dispensa, ah, compre queijo prato também, cem gramas, a Sarah tá desde ontem pedindo, daqui a pouco descemos.

- Tá bom meu amor, pode deixar, eu te chamo daqui a pouco. Respondo colocando a cabeça do lado de fora da janela da cozinha.

Termino tudo, arrumo a mesa do jeito que elas gostam, vou até o armário e pego a bolsinha de moedas, separo um real e cinquenta centavos, coloco no bolso e vou para a padaria, a chuva parou, isso é bom, me livra de ter que sair com guarda chuva, odeio sair com guarda chuva, a padaria é perto de casa, a menos de um quarteirão, e como dizem os mineiros - vou em um pé e volto no outro.

Nada como um preguiçoso dia de domingo, chuvoso e frio, dia ideal para ficar debaixo das cobertas, assistindo TV e comendo pipocas, afinal, os domingos geralmente são assim, pelo menos os meus domingos; raramente saio de casa e quando saio é para ir à casa da minha mãe. Mas como hoje não tenho planos de sair, meu destino é o sofá, de frente com a TV, assistindo qualquer coisa junto com a minha filha e comendo pipocas de micro-ondas, que passe o domingo, que passe o frio, que passe tudo… Hoje é domingo… Dia de tranquilidade.

Tiago Macedo Pena
Enviado por Tiago Macedo Pena em 23/05/2018
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