a mocinha da Seiva de Alfazema
Espalhei sobre mim a lavanda Seiva de Alfazema, diziam os mais velhos que ajuda a limpar e purificar a alma, também que afasta as energias negativas. O ato transformara-se em um ritual: observava o frasco acima dos olhos, encantado com o tom verde da lavanda, chacoalhava-o para escutar o som delicado da água de colônia, por mais de uma vez me perdi olhando a mocinha campestre que ao sopé da montanha nevada, também me olhava de volta, sorridente, equilibrando sobre a cabeça um cesto que transborda de alfazema, à mão esquerda ainda segura um feixezinho do arbusto roxo, enquanto pousa candidamente para a imagem estampada no perfume. Me fez lembrar um poema de Guimarães Passos, adaptado ao meu estado mental: “um dia num alfarrábio, eu li que um louco vivia, toda a noite e todo o dia, uma ““estampa no frasco de lavanda”” a namorar”.