Parábola do Pintinho

Amigos esta é uma história antiga (julho de 95)

Abaixo vou mostrar duas parábolas tudo parte de uma brincadeira no trabalho, onde um amigo que tinha vindo de outro setor me enviou, como pirraça, um email que ele recebeu de colegas do setor onde ele trabalhava antes, já me avisando: “ta ai mané, leia e aproveite”. A parábola é muito bonita e se chama “Parábola da Águia” escrita por James Aggrey, que transcrevo abaixo (mas teve resposta):

“PARÁBOLA DA ÁGUIA

James Aggrey

Era uma vez um certo homem que, enquanto caminhava pela floresta, encontrou uma pequena águia. Levou-a para casa, colocou-a no seu galinheiro, onde logo ela aprendeu a se alimentar como as galinhas e a se comportar como elas

Um dia, um naturalista que ia passando por ali perguntou-lhe por que uma águia, a rainha de todos os pássaros, deveria ser condenada a viver no galinheiro como as galinhas.

“Depois que lhe dei a comida de galinha e eduquei para ser galinha, ela nunca aprendeu a voar”, replicou o dono. “Se se comporta como galinha não é uma águia”.

“Mas, insistia o naturalista, “ela tem coração de águia e certamente poderá aprender a voar”.

Depois de falar muito sobre o assunto, os dois homens concordaram em descobrir se isso seria possível. Cuidadosamente o cientista pegou a águia nos braços e disse: "Você pertence ao céu, não à terra. Bata as asas e voe".

A águia, entretanto, estava confusa: não sabia quem era, e vendo as galinhas comendo, pulou para ir juntar-se a elas.

Inconformado, o naturalista levou a águia no dia se dia seguinte para o alto do telhado da casa e insistiu novamente, dizendo-lhe: "Você é uma águia. Bata bem as asas e voe". Mas a águia tinha medo do seu eu desconhecido e do mundo que ignorava e voltou novamente para a comida das galinhas.

No terceiro dia o naturalista levantou-se bem cedo, tirou a águia do galinheiro e levou-a para uma alta montanha. Lá, segurou a rainha dos pássaros bem alto e encorajou-a de novo, dizendo: "Você é uma águia. Você pertence ao céu e a. Bata bem as asas agora e voe”. A águia olhou em torno, olhou o galinheiro e para o céu. Ainda não voou. Então o cientista levantou-a na direção do sol e a águia começou a tremer, lentamente abriu as alas. Finalmente, com um grito de triunfo, levantou vôo para o céu.

Pode ser que a águia ainda se lembre das galinhas, com saudade: pode ser que ainda ocasionalmente torne a visitar um galinheiro, mas até onde foi possível saber nunca voltou a viver como galinha. Ela era uma águia, embora tivesse sido mantidas e domesticada como galinha.”

Bom, provocado que fui, fiz minha parábola na época em resposta e se chama Parábola do Pintinho

Coloquei que o nome do autor era Jamé Proceis (pseudônimo rsrs). Bom na verdade não sei se ele chegou a mostrar a resposta para os(as) colegas, mas ele ficou sabendo que aqui no Templo das Águias (ou dos Leões Alados) as provocações não ficam sem resposta rsrsrsrs

PARÁBOLA DO PINTINHO

Jamé Proceis

No alto da montanha, soberba, reinava a Águia, agora com uma alegria a mais: tinham descascados três ovos de sua primeira ninhada. Filhotes horríveis, mas que enfim, algum dia se transformariam em grandes pássaros herdeiros dos céus.

A natureza sempre tão sábia, desta vez pecou contra a recém mamãe –águia, que trazia os mais inadequados cardápios, para os ainda despreparados aparelhos digestivos dos seus filhotes: coelhos, ratazanas, etc. até que por reparação da natureza ou força do destino ou qualquer outro nome que você queira dar a este fenômeno, certo dia a despreparada mamãe-águia sobrevoou um galinheiro e vendo um pintinho desgarrado dos seus iguais, não teve dúvida, num vôo rasante, digno de replay e tira-teima, pegou com suas fortes garras o indefeso pintinho e levou-o para as alturas onde num ninho tão caprichosamente montado com galhos secos, choravam de fome seus três rebentos.

Largou a janta e, quando ia rasgar o pobre pintinho, viu o horror e pânico nos olhos das suas aguiazinhas. Percebeu então que se matasse aquele pintinho, poderia estar cortando o resto de confiança que restava dos seus filhotes na instituição maternal. Para aqueles filhotes não era bem clara a diferença entre aquele pequeno emplumadinho e eles. A Águia então esqueceu o pintinho e saiu novamente a procura de algum alimento que fosse do agrado do exigente paladar dos seus filhotinhos. Enquanto isto, no seu ninho o pintinho que sentira seu estômago roncar pulou fora do ninho e começou a ciscar (exercício aprendido nos tempos de galinheiro) em busca de uma minhoca, lacraia ou qualquer ser vivo minúsculo e que de preferência se mexesse bastante. Sob o olhar atento dos filhotes de águia conseguiu finalmente pegar uma minhoca. Os três expectadores reais não tiveram dúvidas: foram seguir o exemplo começando a ciscar.

Quando mamãe-águia voltava de mais um vôo frustrado de tentativa de saciar a fome de seus filhotes viu-os ali totalmente fartos, dormindo como bebês (bebês-águia). Com a terra em torno do ninho toda ciscada e os restos do almoço, pernas e rabos ainda mexendo-se inconseqüentes, percebeu o que havia acontecido e como sinal de gratidão adotou aquele pintinho e fez dele o quarto membro de sua prole.

Passado algum tempo, o já Galáguia ou Aguialo (parece promoção de marca de goma de mascar) dava seus vôos rasantes maravilhando o galinheiro. As galinhas e as peruas pediam a sua volta. Tentavam persuadi-lo a voltar. Do que eu sei elas até lhe entregaram uma parábola na qual se imaginavam Águias. Pode ser que tentem ou tenham tentado outra forma que eu desconheço, mas imagino: as estratégias das galinhas e das peruas nunca são as mais inteligentes.

De resto não sei de o Galáguia ou Aguialo vai retornar algum dia ao seu velho galinheiro de onde , quando ficar um galo velho, com certeza servirá para uma ótima sopa.