NÃO HÁ POESIA NEM MELHORES DIAS... (BVIW)
Longe se vai o tempo em que ela reinava. Em cada canto. Nas vias e esquinas. Em todo lar, e além mar. Hoje já nem sei por onde anda, ou se ainda existe. Muito se fala, pouco se nota. Em secreto questiono, há quem a viva em plenitude? Foi a luta de muitos, e sonho de tantos outros. E continua sendo desejada. Quantos se perderam em sua causa! Sem ela nos tiram o direito de escolha, e o de ir e de vir. E temo, não a tendo, silenciarem a voz das palavras, e paralisarem os toques dos dedos nos teclados, e nas lousas, e nas areias da praia, até mesmo no embaçado dos espelhos. Sobe-me uma coragem, e grito, quebrando o silêncio que o medo me calara: Onde andas, ó liberdade?. Anseio por janelas e portas abertas a qualquer hora do dia sem o susto de ter a casa invadida, ou na rua ser o alvo certo de alguma bala que me ache e me acerte em cheio. Vivo perdida e atônita nessa prisão social. Ando farta dessa jaula que me vejo obrigada a viver. Além das grades da casa, além da fortaleza dos muros, muito mais assustador é a ausência da liberdade para pensar, para escolhas, para ser o que sou, e para aquilo que escolhi viver. Onde andas, ó liberdade? Vinde a mim! Sem ti não há rimas nem melhores dias...