Uma estranha mania
Às vezes, quando lemos uma certa história, logo percebemos suas muitas inverossimilhanças. Algumas causam raiva de tão absurdas. De tanto ver coisas sem sentido em histórias alheias, criei uma estranha mania: imaginar como seria se a história fosse minha. Penso assim porque fico surpresa de ver como histórias com erros tão grosseiros podem fazer sucesso. Vai ver, os autores gostam de pensar que o leitor é idiota.
Uma história que me deixou pasma foi um mangá que eu li no qual um dos protagonistas é um jornalista que sempre se mete em encrencas de tão ingênuo e despreparado para a vida. Ao observar alguns pontos eu me perguntei se nunca ninguém deu na autora um bom puxão de orelhas após ver que o perfil do personagem é totalmente inverossímil. Vejamos: o rapaz tem uns 22 anos, vive sozinho há um bom tempo e se sustenta com seu trabalho. Alguém assim poderia ser tão atrapalhado, fazendo coisas estúpidas? E trabalhando como jornalista numa cidade grande como Tóquio? No trabalho dele, ele precisa se deslocar continuamente. Convivendo com pessoas diferentes, não deveria aprender em quem confiar e como identificar situações de perigo?
Outra coisa negativa: ele só sabe japonês. E nós sabemos que, sendo jornalista, é óbvio que precisou estudar. Não era para saber, pelo menos, inglês? Todo mundo sabe como a educação é competitiva e exigente no Japão. Inglês é uma matéria essencial no Japão, país que se preocupa em formar profissionais qualificados.
Com certeza, muita gente deve notar essas coisas. Os autores deveriam respeitar mais a inteligência dos leitores. Infelizmente, muitos são os que se preocupam apenas com o sucesso comercial e esquecem a qualidade das histórias, descuidando-se da construção do perfil dos personagens.