O Menino e a Estrela (Parte I)

Julho daquele ano passaria de largo em seu mundinho, não fosse aquela mágica e extraordinária visão. Fervilhavam pontinhos brilhantes sobre sua imaginação de poucas nuvens brancas pairando à sua cabeça, instigando-lhe em buscar companhia no céu.

Olhava atento o negro véu iluminado de estrelas e luar brilhante; pensando ele, que a qualquer instante, com um simples esticar de braços, pudesse alcança-lo e coloca-los no bolso ou no coração ou no qual coubesse primeiro. E rapidamente sua busca chegaria ao fim.

- Estrelinha! Estrelinha! Exclamou o garoto. - Por onde andas que não te encontro? - Não querias tu iluminar meus caminhos? Falava sozinho no quarto.

Já na escola, interessava-se por aulas de ciências. Coordenadas, localização, pontos cardeais. Tentava entender qual seria o ponto mais próximo entre terra e céu para decorar o nome das constelações: Cruzeiro do Sul. Ursa Maior e Menor. Pégaso. Fênix. Andrômeda. Cão Maior e Menor. Siriús. Orion. E assim decorou paredes.

Astrônomo por opção queria saber o nome de cada um daqueles pontinhos reluzentes no céu. Quiçá, mapear todo o universo. Dizia ele que n’alguma daquelas galáxias haveria de existir a mais linda e brilhante de todas as estrelas. E ela seria sua. Tão simples assim.

No finalzinho da tarde, era possível vê-lo com um pequeno binóculo em mãos vasculhando o horizonte, que de tanto observar, sua estranha mania interestelar rendeu-lhe apelidos diversos. Menino maluquinho. Menino bobo. Menino sonhador. Menino teimoso. Menino fraco. Menino atrevido. Doido.

E era tanto adjetivo atribuído ao menino que ele já nem se importava mais, aliás, somente com seu pedacinho celeste. Melhor mesmo, lhe fora acha-la. Abraça-la. Sentir seu calor e brinca de luzir sonhos.

Por isso, valeria a pena ser lunático e viver no mundo da lua. Sua estrelinha cadente, da qual ele iria buscar até no fundo do mar se ela caísse.

Quando o sono chegava, adormecia dentro de uma pequena nave espacial em formato de coração, vestindo sua roupa de astronauta, voava todo espaço sideral, cheio de certeza daquele encontro, pensando que talvez pudesse até poli-la um pouco mais.

- Estrelinha deixa eu te guardar dentro do coração? - Sabe que te amo tanto e tanto e mais um tanto? Tenho até medo de não te achar. Declarava o menino abobalhado.

Logo em seguida, desperto, ouvira a voz dos terráqueos a lhe dizer.

- Menino, menino. Estrela foi feita para ser livre. E solta. E brilhar a noite! Menino tonto. Deixa de bobeira.

- Por que tu não procuras brincadeira de menino? Acorda! Vai timbora estudar preguiçoso.

Continua...

Samuel Moraes

10/02/2018

Sidrônio Moraes
Enviado por Sidrônio Moraes em 20/05/2018
Código do texto: T6341498
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