Pé de Serra

A manhã está fria e chuvisca. Abro a janela, olho o horizonte enquanto visto um agasalho.

O cheirinho do café invade o quarto e na memória vejo a cozinha da vó Lenita. Fogão de lenha, café colhido na fazenda mesmo e na mesa, a bacia de alumínio um pouco amassada, cheiinha de João Deitado. Hum... tirar aquele biscoito de milho da palha, um cheirinho de roça... As galinhas cacarejando no galinheiro, vez ou outra um pato grasnava de lá. Os pés carregadinhos de laranja, eu via da janela, onde me demorava a apreciar a chuva lá na serra. O açude parecia se alegrar com os pingos que precipitavam cada vez mais fortes, o espelho d'água ficava turvo... E na minha meninice eu ficava imaginando os peixes se escondendo nas pedras no fundo do lago.

Eram dias de paz eterna, aqueles na serra. A noite custava a chegar. Vó Lenita punha lenha no fogão, água quente para o banho pois o chuveiro ainda era à serpentina.

- Sai do banho agasalhada, pra não se resfriar!

O banheiro era fora da casa, eu nunca entendi o porquê. Mas eu gostava da façanha de correr de toalha só pra ver a vovó me xingar.

Reminiscências de infância daqueles que tiveram uma casa de "vó" na roça pra visitar!

Cláudia Machado

20/5/18

Nota: o meu sonho era ter uma avó com casa na roça!

Cláudia Machado
Enviado por Cláudia Machado em 20/05/2018
Reeditado em 20/05/2018
Código do texto: T6341418
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