O Mar da vida...
Sobre o mar daquela vida? Eu me afoguei infinitas vezes naquelas tantas tempestades existenciais. Em algum momento, nesse submergir e emergir, eu desistir de pedir socorro. Minha garganta silenciou, meu pulmão desistiu de respirar…
Lembro-me daqueles romances irlandeses, quando alguém escrevia milhares de bilhetes e, abrigando-os em uma garrafa, lançava-os ao mar, o intuito era que alguém o encontrasse e se interessasse por quem os havia escrito. Nos mares dos meus olhos, eu escrevi milhares de poemas sobre minha dor… Arranquei pedaços da minh’alma, e os lancei nas correntezas do meu prantear.
Durante anos eu fui náufrago em minhas desolações. Perdido em meus eternos devaneios.
Ainda sou invisível, mas um milagre ambulante. Eu enlouqueci acredito! Sai dos meus mares, revigorei os pulmões, e abracei a louca ideologia de que eu poderia mudar o mundo, espalhando em seus muros a poesia que havia em mim. Afinal, as garrafas que eu lancei nos mares do meu olhar triste, não chegaram a destino algum, era preciso mudar a estratégia.
Eu realmente não sei definir o que é pior: Morrer afogado em suas próprias dores e traumas, ou morrer de sede no deserto em que se tornou a vida de tantos outros humanos.
Mundos inteiros devastados pelas frustrações, desmoronando egoísmo em suas poucas flores de sensibilidade. Deveras que o porvir viesse nos visitar hoje, e nos mostrasse a breve extinção do amar, do sentir, do querer… e aquele de fato VIVER.
Eu sou andarilho, um nômade, um peregrino, estrangeiro nessas tantas formas de viver. Pés calejados, a voz enfraquecida de tanto clamor pelo amor. Eu ando sussurrando meus caros, e nessas terras de hoje, onde o amor é “Vandalismo”, tenho pichado palavras de um sentir nos muros cinzentos dos muitos olhares humanos, na esperança de que aos olhos de alguém, essas poesias e idealizações façam algum sentido.
Se a pobreza de espírito destes mundos vazios, sucumbir, mesmo que me falte, eu abrirei minha dispensa de Amor, e dividirei o meu ACREDITAR, com quem ainda tenha fome de amor, com quem ainda tenha sede de amar.
(Hámilson Carf)
Sobre o porque de eu escrever, eis aí a resposta.