PREDADOR DE EMBOSCADA

Nas águas africanas, beirando as margens do Nilo, habita um predador de emboscada. O crocodilo -do- nilo consegue, de forma eficiente, sobreviver a este lugar competitivo, cruel e desigual chamado natureza. Considerado um animal pré-histórico, esse réptil assustador é tido como um dos seres mais bem sucedidos da história. Afinal, essa criatura da terra e da água conseguiu transcender os limites do tempo e existe há milhões de anos.

O que me chamou mais atenção no crocodilo não foram as suas fortes mandíbulas ou os seus dentes pontiagudos capazes de atravessar grandes pedaços de carne . Na verdade, o que me intrigou foi a capacidade que esse predador tem para capturar suas presas de forma discreta e estratégica. Ele é capaz de esperar pacientemente dias ou semanas até que uma presa venha às margens do rio. Ele não caça, ele se esconde. Lança uma silenciosa emboscada.

Obviamente, essa é uma das incontáveis maneiras que os animais possuem, instintivamente, para sobreviver conforme suas capacidades, potências e limitações naturais. Contudo, na natureza, há um ser peculiar que não deve agir apenas por instinto, mas com dever moral: o homem. Diferente do crocodilo, o ser humano tem, de forma inata, a liberdade do agir e do pensar e, consequentemente, suas ações têm valor de certo ou errado, justo ou injusto, bem ou mal. E assim a história das espécies segue o seu rumo.

Infelizmente, em alguns seres humanos, a sobrevivência, a crueldade e a competição falam mais alto que o caráter, a amizade e a bondade. Dessa forma, sacrificam pessoas, fingem ser o que não são, agem de forma discreta e estratégica...

Mais assustador que o predador das águas do Nilo é o predador de emboscada chamado ser humano. E por que? Aquele age por instinto; este, tem livre escolha e, quando arma suas emboscadas silenciosas , o faz por maldade, poder ou dinheiro. Nessa história, o homem julga-se bem sucedido, sacrificando presas e forjando comportamentos para manter determinadas aparências e sobreviver em meio ao mundo material. Ele também não caça, ele se esconde. Lança uma silenciosa emboscada. Aceita e faz aceitar que “o mundo é assim mesmo”. O mundo é naturalmente do mais adaptável, do mais forte, daquele que sobrevive.

Mas, pergunto: que mundo é esse? Esse mundo não é o mundo real, é apenas a parte da natureza. O mundo é natureza e mistério. E, na parte que cabe ao mistério, deve haver alguma lei maior que a lei da natureza, onde o predador de emboscada não seja assim tão bem sucedido.

Vanessa Patrícia
Enviado por Vanessa Patrícia em 18/05/2018
Reeditado em 18/05/2018
Código do texto: T6340205
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