A copa e o mundo
O mundo inteiro vidrado na tela, e eu diante da urna eletrônica (nada segura) tenho obrigação de votar em algum fantasma, pois absolutamente nenhuma opção que me valha. Homens ricos correndo atrás de uma bola, trabalhadores pobres sentindo orgulho da pátria que chora.
Que importa o título de hexacampeão para um país que sequer consegue manter a ordem emocional e ainda menos o progresso dos verdadeiros campeões? Qual valor há numa taça se a política é uma farsa, a educação, saúde e segurança falsas, e farta a desigualdade social?
É supérfluo formar torcidas se há tantas balas perdidas, irrisório almejar gols se há tantos doentes não assistidos morrendo à míngua. É ridículo vestir verde e amarelo se o verde da natureza anda poluído e as pessoas se trancam amarelas de medo em suas residências que parecem celas decaídas. Para que tudo isso? A televisão hipnotiza a multidão enquanto muitas estrelas brilham mortas sem teto, sem afeto, nem caixão.
O esporte é importante sim, e existem tantos... A emoção é também necessária, mas aquela verdadeira, que brota da alma em favor de alguém. O mundo é um jogo e a vida dança. O objetivo está na caminhada, não na corrida. O banco de reserva está vazio de esperança para o cidadão que manca à marcha lenta. O hino vem convicto de desafino e confusão. O pão deve ser saudável, e o circo educativo. Enquanto houver a agressiva cultura dos paredões, haverá ostentação de ignorância.
Minha bandeira é branca pela PAZ mundial e de cada coração. Minha torcida é branda pela justiça, pelo suprimento dos famintos e emprego para famílias pobres, sem condições. Não tenho sede de gols, mas de cultura, para que o destino dos vagabundos seja significativa de mudança. Minha rede balança pela criança que dorme e descansa, minha vibração emana silenciosa pelo amor da nação.. Esta é a minha aposta, conhecimento, atitude e mansidão.