Um povo feliz
Um povo feliz
A serpente e rã, cobras e lagartos, o sapo dá pulo, a cobra dar bote, são bichos do mato que vencem a luta na guerra da morte. Um tem veneno, outro tem magia, um anda na terra, outro n“água fria, ambos são espíritos que não podem ver, nem pensam nem falam mas querem viver.
O homem coitado, que sabe falar, que pensa que ama que sabe rezar, domina na selva, explora no mar, mora na cidade não tem inimigo, respeita vontade, é dono do mundo e vive em liberdade; constrói seus castelos, reina de verdade, lidera um exército saqueia um país, queima suas casas, estupra as mulheres, mata as crianças, sob as benções dos deuses se sente feliz.
Os velhos cansados ele deixa para traz, nas garras da fera, do tempo, do lobo voraz, são restos mortais que não servem mais. Depois da batalha a febre não cessa, arruma mais forças nas moças da paz, e segue somando poder e bravura, não ver nem de longe o véu da loucura.
O sangue dos fracos é o vinho dos nobres, o pão da riqueza é a fome dos pobres.
O leite dos príncipes, nos peitos das amas, das virgens do povo ainda crianças, que são para os reis concubina e mucama, que matam seus filhos para não dar heranças.
Em cada país tem um colizeu, tem praça, coreto, tem briga de galo, e bezerro para Zeus; o deus não importa, nem a cor da batina, importa é a festa carnal-natalina.
É no carnaval que o povo enlouquece, que vibra, que grita, que chora, e que berra no êxtase fulgaz, que o leva à morte as dores da carne... Então sonha que é livre, acredita que é forte.
São “três dias” de folia de embriaguês total, o povo só vive pelo carnaval, as mágoas passadas já não lembra mais, nem sabe o porquê da fome e da miséria, do não saber ler.
Na quarta ele acorda com dor de cabeça, pergunta:
- “o que houve”? Alguém diz
- Esqueça! Na quinta tem jogo, na sexta cerveja, no sábado descanso, domingo tem missa e carnaval de novo!,,,
Evan do Carmo.18/01/06
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