Médico e Louco
Há alguns meses uma mulher passou com um carro em cima do meu pé. Há um mês caí da rede e quase quebrei a coluna. Nesta semana quando andava de bicicleta fui atropelado por um carro. Levei uma pancada no tórax e tive algumas escoriações na perna. Apesar da intensa dor que ainda sinto, estou vivo! Diante de tais fatos, pedi conselhos `a alguns amigos. Uns me sugeriram fazer uma promessa para Nossa Senhora de Penha,(padroeira da minha cidade), outros falaram que eu não tinha jeito, que os acidentes eram frutos dos meus devaneios. “ Você vive no mundo da lua. Não olha por onde pisa.”
Não sou um homem supersticioso e muito menos religioso. Sonhador eu sempre fui. Mas isso nunca foi motivo de acidentes. Talvez eu esteja abusando um pouco do trabalho, afinal, não sou mais um garoto. Sei que preciso ficar atento aos sinais que a vida me dá. Quando tais fatos acontecem, precisamos parar para reavaliar. Pode ser que de uma hora para outra a vida desista de sinalizar.
Sendo assim, tirei um dia de folga. Acordei sem o despertador, com o delicioso canto de um bem- te- vi. Ele não só me saudou, como também permaneceu um bom tempo na varando do meu quarto. Depois tomei café ao ar livre, vendo a coreografia de um beija-flor que silenciosamente alegrava a minha manhã. Depois segui para a varanda. Na rua,um casal de idosos caminhava para a padaria. Um adolescente com ar preocupado, seguia para o colégio. Uma senhora de meia-idade passeava com o seu cão. Depois de me distrair observando o movimento, deitei na rede e ouvi músicas. Mais tarde peguei uma praia. Só voltei para casa no final da tarde. Passei um dia maravilhoso. Relaxei, refleti e escrevi alguns versos na areia da praia.
Cheguei a seguinte conclusão: Além de médico e um pouco “ louco”, nesse universo gosto de fazer versos. Assim, sou ainda mais louco, ou bobo, pois me sinto poeta. Não é que fiz rima !
Vitória ,2002