Mãezinhas e manhanzinhas
As manhanzinhas de domingo em Pitangui, a imagem corta, da cadeia aglomerando a porta. Mulheres, em grande maioria, formam a cena do nascer do dia. O sino da matriz já soou chamando pra missa das sete, e eu descendo da padaria Jireh, lá dos altos do Lavrado, deparo-me com o magote, à espera impaciente, mas ordenada, de que se abra a porta para as visitas dominicais.
Vão ali ver filhos, companheiros, pais, invisíveis, que se desencaminharam e pagam, com seus silenciados gritos, a pena de seus delitos, para serem reeducados, e devolvidos à sociedade. As matulas, sacolas e embrulhos contêm os agrados possíveis para se minorar a fome e o isolamento. Os trajes dos visitantes - há por vezes algum homem, e de hábito, meninos - ficam a dever aos domingueiros que tomam a direção da igreja.
Mas entre a graça da missa em comunhão com o Salvador, e o risco da omissão de se levar um consolo ao detento, não parece - para aquele grupo - não parece haver nem razão de argumento. O consolo, mesmo diante do dolo, naquela hora em que mais o coração de mãe aperta, desengana, liberta.