curta-metragem
Eis o livro! Até que enfim terminara meu primeiro romance que se chama "a rua comprida de Odessa". Nunca pensei que pudesse dar cabo de tal empresa literária. Logo eu, que escrevo parágrafos curtos. Minhas frases são igualmente enxutas. Seria eu um escritor conciso apenas para esconder minhas limitações? Talvez sim, talvez não, me dou o benefício da dúvida. Mas era enfim uma obra plenamente concluída, começo, meio, final. Além dum prefácio do professor Sedir. Notas do editor para explicar meu excesso de citações. Fui descoberto pelo agente literário que tornou conhecido do grande público o instrutor de Ashtanga Ioga, Anton Simmha. Um contista russo qualquer criaria a mais realista das histórias e seria mais completa e cheia de metáforas do que toda saga escrita em milhões de folhas que eu pudesse elaborar. Um conto é como um recorte do infinito ou como um curta-metragem. Pensar sem a ajuda do ômega 3 nem pensar! Impossível seguir em frente com este texto sem mencionar Tchekhov, ele utiliza muitas palavras diminutivas e eu acho isso tão “perfeitamente colocado” ali naquela frase, naquele diálogo, isso cria um acabamento refinado “...não reparam que atrás deles vai tropeçando a pequenina e frágil mendiguinha”. Terminei de ler e rabiscar todas as páginas do livro de contos “um homem extraordinário e outras histórias” todas elas são perfeitamente construídas, o mestre utiliza-se, em dois ou três continhos, da fábula para discorrer sobre o homem russo, homem que sofre, que bebe vodca, trabalha, é feliz e triste em todo o tempo.