UM POVO, SUA HISTÓRIA E SUA MEMÓRIA - SANTA MARIA DO JETIBÁ - ESPÍRITO SANTO

Vieram em muitos, centenas, milhares. De um lugar distante e hoje extinto chamado Pomerânia. De olhos claros, cabelos igualmente claros, traziam no rosto a tristeza de ter que deixar a terra mãe, mas também a esperança de aqui encontrar um lugar onde pudessem se fixar, plantar suas raízes, e quem sabe garantir aos seus descendentes um novo recomeço, agora longe de tudo o que havia construído. Vieram por Santa Leopoldina, desceram a encosta do rio e fixaram as suas tendas. Isso a mais de um século e meio. Homens, mulheres, jovens e idosos, decidiram que iriam edificar um lugar que teria a sua fisionomia, ainda que em terra distante da Pomerânia. Foi assim que nasceu a terceira das três santas: Santa Maria do Jetibá. Aquele povo claro, de olhos profundos, trouxe para cá sua alegria transmitida na dança, na música, trouxe sua identidade que pode ser reconhecida na culinária e nas vestimentas, mas trouxe acima de qualquer coisa a vontade de fazer desse um lugar bom e feliz de se viver. Numerosos como grãos de areia da praia fizeram e fazem história. Tiram da terra, na maioria das vezes com mãos calejadas e sofridas, o sustento. E não apenas alimentos para si próprios. Também alimentam grande parte daqueles que vivem nas grandes cidades e sequer se dão conta da existência ou da importância dessa gente que constrói Santa Maria. Pomeranos, luteranos, gente de cabelos e olhos claros, de sorriso aberto e franco, de linguagem própria e identidade forte. Pomeranos, povo que diferente de outras culturas, não apenas vieram para o Brasil, mas escreveram e escrevem a sua história em várias partes do país, e sem dúvida nenhuma, com destaque muito grande em Santa Maria, a cidade mais Pomerana do Brasil. Um povo, sua história, seu trabalho, sua luta. Um povo que luta, mas também tem sonhos, um povo que não chora as derrotas, mas busca modificar o que não deu certo e mete pé a frente porque sabe que não tem tempo de olhar para trás. Assim é que a última das “santas” a se emancipar completa 30 anos de vida. A última das santas a se tornar independente comemora a sua maior data. E esse povo valoroso, guerreiro, determinado, trabalhador e corajoso, pode se orgulhar, porque escreve uma das mais belas páginas da história capixaba. Homens, Mulheres, crianças, jovens e idosos, de olhos azuis e cabelos cor de ouro, podem ter abdicado da sua terra na Europa, mas certamente se reinventaram e hoje, nesse pequeno pedaço de terra capixaba, no alto de suas montanhas, pode ostentar com orgulho de serem filhos amados do Brasil e construtores de um município rico em gente, em trabalho e, sobretudo em vontade de crescer e ser feliz.

Homenagem aos Santa-Marienses pelos 30 anos de emancipação política do município.