SOLIDÃO... AMIGA, AMADA.
Nunca estarei só... pelo menos terei a companhia da solidão. Basta fazer amizade com ela. Vou ver que ela não é aquele monstro que alguns pintam. Só porque provoca lágrimas quando ela conversa comigo? Porque lembra dos amores que escaparam por entre meus dedos? Porque espanta de mim a felicidade, tem ciúme dela comigo? Porque sinto vergonha algumas vezes quando caminho pelas ruas, pelos shoppings, pelos cinemas, pela cidade na companhia dela?
Não, preciso ser amigo dela. É ela que senta comigo nos bancos das praças. É ela que vai comigo comprar pipocas. É ela que dá valor ao amor que tenho e que ninguém dar importância, que menospreza. É ela que parece me amar como ninguém me amou antes. Ela dá valor ao amor que eu tenho. Ela não foge de mim por eu pensar diferente, por eu amar diferente. Ela não foge do meu amor.
Quando eu vim do meu interior para servir às Forças Armadas, era a solidão a minha companheira. Foi ela que entrou comigo no quartel, que experimentou comigo a primeira farda. Era ela que entrava comigo na igreja, sentava ao meu lado nos bancos e orava junto comigo. Nem se importava de um lado ser masculino e do outro feminino. Ela fazia questão de ficar ao meu lado.
Sei que ela sentia ciúmes quando eu trocava alguns olhares, alguns flertes com algumas garotas. Lembrava pra mim o quanto já estávamos juntos, desde criança, quando eu ia para o mar me banhar, quando ia para o mato pegar passarinhos, quando ia para a escola, quando ia dormir, quando eu ficava entre o riso e a dor lembrando da minha timidez que não deixava eu me aproximar de ninguém.
É ela que deita comigo na rede e divide o travesseiro na cama; que lê meus livros e escuta minhas músicas, cheia de paixão como eu. É ela que traz paz ao meu coração tumultuado, evita o tumulto na minha mente, navega nos meus sonhos, aconselha os meus projetos.
Aprendi a amar minha solidão. Agora, não sei viver sem ela, minha amiga, minha amada!