O sol tece o caminho, com uma luz rendilhada entre os galhos. Desfaz o orvalho, enchendo o ar com o cheiro da malva perfumada com que se varrem o forno de fazer biscoito. Os cavaleiros mais afoitos vão à frente, exibindo vigor que não têm. Vencem as horas por léguas a fio, contadas no ranger da cela. Nenhuma vela acendem aos mortos guardados no campo santo. Descem, afrouxam os arreios e bebem cerveja. Conferem os freios, estribos e cilhas. E deixam uma trilha de comida para as raposas: farelos de pão e ossos de galinha assada.
A jornada vança.
Uma criança abre a porteira e a carvana passa. Passo a passo, segue a cavalgada rumo à margem do Congonhas. Acampam. Armam barracas, fazem fogo. Bebem cerveja e jogam truco. A carne roda no espeto e a feijoada borbolha na panela.
Vida boa aquela!
Quinze anos faz, e agora me compraz contar a história.
***
Adalberto Lima, trecho de "Estrela que o vento soprou."Imagem: sanraplhaelcountry.com.br
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