AYRTON SENNA

No dia 27 de Março de 1994 eu estava ali no box de interlagos, fazendo uma visita graças a uma credencial me dada por Haroldo Scipião, presidente da federação cearense de automobilismo. Logo foi anunciado que todos tinham quer deixar à área, eu estava no último box, dentro do mesmo onde tinha uma equipe nova chamada Pacific-Ilmor, uma equipe britânica fundada por Keith Wiggins, que disputou duas temporadas, 94 e 95. Como era uma equipe pequena ela deixava as pessoas entrarem dentro dela, e pasmem até pegar no carro. Pela segunda vez eu pegava num carro de fórmula 1, foi um sonho. Logo veiu o anúncio que os carros iriam sair para o treino e todos deveriam deixar o recinto. Eu estava perto do box onde eram guardados os pneus da f1, ficava logo após o box da Pacific, e lá vinha o arrastão. O arrastão era uma fila de voluntários de mão dadas que começou dali onde estávamos e colocava todas as pessoas para fora do box, não sei quem ficava além das equipes. Eu pedi para ficar ali parado em frente aos pneus, e não sei porque uma moça me deixou ficar lá, ela falou para que eu não me mexesse e assim obedeci. Ali era em frente ao sinal de liberação dos carros. Quando foi dada a abertura pelo horário, eu pude perceber alguns carros ligando os motores, naquela época o motor suava bem forte, era um som inesquecível. Quando lá vem o primeiro carro, era a Williams-Renaut do Ayrton Senna, ele parou em frente onde eu estava, o sinal tava vermelho, ele ficou por segundos pulsando o coração da barata, que não gostava de baixa rotação e nem de ficar parado, vi de perto a atenção redobrada que ele ficava ao volante, não consegui olhar nos olhos pois estava de lado, mais deu para ver parte do seu semblante, isso guardo até hoje na memória. O sinal ficou verde, a barata engulhou duas vezes como quem ia morrer, depois ela zuniu sonoramente como um avião à jato. Nunca mais iria vê o campeão. Levo ele na memória pra sempre.

AYRTON SENNA

FRED COELHO 1994