O Depor do Podre Poder
No dia em que será definido o governante da cidade através do voto popular, levanto-me da cama a pensar em encontrar pessoas deixadas para trás. São participantes da minha vida que o tempo os espalhou pela cidade e uma vez em dois e dois anos cruzam literalmente o meu caminho. Alguns sujeitos não existem mais, pois foram embora por ordem do destino, como aquele crioulo sarará que cantava e encantava, entretanto eu sempre encontro a minha antiga professora particular, uma linda criatura. As esquinas de bares lotadas pela velha guarda assistem a passarela dos cidadãos oprimidos a votarem no conde vampiro e há sempre alguém convidado a participar das lembranças dos tempos dos campos carecas. A tecnologia avançada nos impede de sermos ralados, pois há sintética grama espalhada pela cidade, fruto das promessas do vencedor que aguarda da Transilvânia Brasileira, o resultado da nomeação do mandato.
A rapidez do processo de votação aumenta o tempo disponível para que o povo transforme o dia que poderia ser de reflexões democráticas em festa de encontros onde não há hora para acabar, pois o som do DJ é altamente convidativo e somos atraídos pela sonoridade do lirismo da nossa música popular. Um coquetel ao ar livre comemora apenas o matar da saudade e o assunto política é trocado pelo futebol, a verdadeira paixão.
A nossa democracia, uma falsa soberania do povo, não funciona como deveria, pois foi imposta por aqueles que nos defendiam e hoje a utilizam para conquistarem o comando, um poder sem moral.
“ Há esperança de que um dia haverá o depor do podre poder”.