O DIÁRIO DE UMA GOTA D’ÁGUA (BVIW)

A chuva que caiu de madrugada deixou as flores do jardim repletas de gotas d’água, e ainda emprestou rimas para esta frase... A gotinha atenta aconchegou-se à folha da roseira e na pausa da chuva espiou curiosa, tudo à sua volta.

Em sua breve e linda vida, quase, transparente, ela deixa a textura da folha cintilando, lembrando um pequeno espelho, no qual alguma fadinha se observará nas primeiras horas da manhã...

Em sua forma líquida e incolor a gota d'água reflete as cores da rosa vermelha e o verde das folhas num e frágil pequeno mundo de harmonia entre tons e contornos.

Gosto de fotografar as gotas d’água e imaginar se elas ficariam felizes, em saber que continuariam “vivas” e cintilando nas fotos, outras vezes, penso na gota que enfeita a pétala de um girassol, e veste-se com a cor amarela numa tela pintada com tinta óleo, que descansa na parede da sala.

Há encanto, coragem e bem - vinda suavidade na gotinha que desliza, acariciando a folha, alongando-se antes de cair, como se ela pudesse prolongar a despedida, e nessa pausa do tempo, sua lembrança inspirou-me poesias, haicais e umedeceu meu olhar, enquanto eu escrevia esta crônica...