Ela ou eu?
Olhando a sua própria imagem, percebeu que seus olhos haviam mudado ao longo dos anos. Estavam mais profundos que em alguns anos atrás. O olhar também era diferente: Atravessava o espelho.
Agora acessava o que estava além da sua figura refletida no pedaço de vidro, entendia melhor como construía "aquela que via". Talvez a maturidade lhe desse essa habilidade, talvez os anos acumulassem as histórias que revelavam o segredo da coemergência entre o "observador e o objeto observado". Nada era além do que havia dentro de si mesma. Mesmo que não parecesse, ela construía tudo o que vivia.
Os encontros se davam como se dariam de toda maneira, mas o significado que ela imprimia a cada um, esse, era a sua marca mais registrada. Era sua forma de viver, de dar sentido à própria vida.
Ela... Ali no espelho... Quem era ela?
Se a vejo ali cismando... Quem realmente sou eu?
Cláudia Machado
2/5/18
Nota: Na coemergência agora "ela" passa a ser o objeto e o observador passa a ser quem? Muitas identidades criamos ao longo da experiência na carne... Mas há algo que está na base e que não é criado por ninguém. Um desafio.