LISBOA
Me chamastes de volta a te reencontrar. Tanto tempo depois, conforme o combinado, cá estou muito breve eu sei, mas é o que posso no momento. Matei a saudade que sentia por ti, tua recepção nada deixa a desejar. Bebemos um bom café na Praça do Comércio, lá na Rua Augusta, sabes aquela do Arco, muito bonito por sinal. Alguns conhecem como Arco da Rua Augusta outros o chamam de Arco do Triunfo do Terreiro do Paço, mas sei que para ti não importa como o conhecem, pois é parte da tua história. É uma maravilha caminhar por tuas entranhas, te descobrindo passo a passo, cada esquina, cada rua, cada praça, cada cor, cada aroma, enfim és especial. Seus cafés onde se pode degustar um café, um bom chope Portugalia e um bom pastel. Assistir a um espetáculo nas ruas com seus artistas populares advindos de várias partes do mundo e local, aliás, assisti a um show de fado cantado por universitários, muito legal, me emocionei. Visitei o Chiado, conheci a casa onde teu ilustre filho Fernando Pessoa nasceu, no quarto andar na frente daquela igreja, até tirei uma foto sentado ao seu lado na pracinha acima onde está também a estátua do poeta errante, muito famoso na cidade. Veja como estou ficando importante, um manezinho dialogando com um dos maiores acadêmicos lisboetas. Não gostei da enorme fila para visitar o Mosteiro dos Jerônimos, igualzinho da outra vez que aqui estive, desisti mais uma vez de visita-lo, desta vez só por birra. Poderias dar um jeito nisso, tantas pessoas querendo visitar e uma fila sem tamanho, tenha dó né. Desculpe, mas não é uma cobrança só uma constatação. Agora é uma reclamação mesmo, da outra vez que aqui estive, enfrentei um vento bobinho querendo se aparecer, mas hoje ele apareceu com mais vontade parecendo com o nosso vento suli de Floripa. Chatinho não deixa nada no lugar, tive de me esconder nas pilastras do Arco da Augusta, cuida mais deste vento, colabora né. Mas nada disso tira meu encanto por ti, Lisboa. És uma boa menina, educada, retrô e ao mesmo tempo cosmopolita. Acho que já falei tudo que eu sinto por ti, me desculpe, mas já vou embora tomar aquele cafezinho. Vim apenas fazer uma visitinha de médico como se diz na minha terra. Mas volto outro dia com mais tempo, agora tenho de ir adiante. Vou conhecer a Espanha, esta velha senhora que por sinal tem um grau parentesco muito grande contigo e muitos descendentes pelos lados das Américas. Até outro dia, foi muito bom te rever e conversar contigo.
Valmir Vilmar de Sousa (Veve) 07/06/17