Das tragédias

O prédio que desabou faz parte da vida de muitas pessoas que trabalharam no centro como eu.

Desde as décadas de 60/70/80 passei muto em frente ao prédio, inicialmente admirando, era muito bonito, depois desocupado já via a degradação em alguns vídros quebrados e na sujeira que cobria estes vidros.

Depois da ocupação, nos últimos anos, a degradação visível se tornou maior ...os vidros quebrados eram muitos ... ultimamente quando ia a Rua Sta Ifigênia a negócios passava pela outra calçada por receio que uma vidraça das muitas quebradas pudesse cair na calçada muitas pessoas faziam o mesmo por medo dos invasores.

Nos relatos a ocupação era organizada tinha porteiro por exemplo e alguns poucos serviços via "gato".

O que chamou minha atenção nos relatos que ouvi era que no último andar ocupado haviam mais famílias que nos andares inferiores...a lógica trágica da condição humana reza que quem chegou primeiro tem a primazia e isto inclui não aceitar mais pessoas no espaço já ocupado jogando os demais para um andar acima sem elevador .E assim das pequenas mesquinharias dos sem teto as grandes e covardes mesquinharias dos poderosos ...vão se desenhando os dramas da cidade, dominada que é pelos fariseus de sempre até que o drama se transforme em tragédia.

Por breves dias alguns serão solidários aos sem teto até que a notícia esfrie.... depois os sem teto serão responsáveis únicos para muitos e para a imprensa ... enquanto a elite e o poder público donos dos prédios e responsáveis pelo abandono dos prédios e das pessoas.

Criadores e beneficiários desta especulação imobiliária que cria poucos ricos num mar de miséria, aqui e no mundo.

Não foi acidente...o acidente real é termos tantos incapazes, corruptos e aproveitadores no comando do estado e da economia

Isto foi um crime...

Carlos Said
Enviado por Carlos Said em 01/05/2018
Código do texto: T6324518
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