XX ENCONTRO DE PESQUISADORES
O Museu de Santo André promoveu o XX Encontro de Pesquisadores do ABC Paulista e tivemos a oportunidade de assistir a duas das palestras levadas a efeito na sede do Museu de Santo André Dr. Otaviano Armando Gaiarsa.
A primeira delas, Comunicação, Identidade e Memória da comunidade germânica no ABC Paulista, apresentada pela Mestra Mariana Lins Prado, autora da Dissertação.
Trata da fixação e atuação comunitária de povos dos países que fizeram parte do império austro-húngaro, cujo único vínculo entre eles era a língua, que vieram para o Brasil por conta da permanente escassez de alimentos na Europa, do clima e dos rigores da primeira guerra mundial (1914/18).
Claro que também vieram alemães natos, descendentes ou não de judeus, que fugiam da ascensão do nazismo, os que procuravam disseminar a ideologia da superioridade da “raça” pura e o culto ao político salvador da pátria.
(Infelizmente estamos vendo esse fenômeno se repetir, se não da “raça” pelo menos do político.)
Os conhecimentos das técnicas foram fatos relevantes na formação do parque industrial do ABC, e os padrões de comportamento influenciaram gerações de brasileiros que, como diz um pensamento da época, a pessoa deve ser “rápido como um cachorro veloz e duro como pedra”.
Esses imigrantes formaram centros de convivência, igrejas e escolas nas quais eram ministradas aulas do idioma alemão e a obrigatoriedade das práticas esportivas para manter viva a ideia de mente sã em corpo sadio, herdada dos antigos gregos.
A frase MENS SANA IN CORPORE SANO, grafada assim em Latim, ainda hoje pode ser vista em muitos centros esportivos espalhados por todos os locais onde, de alguma forma, houve influência do império romano que tinha o salutar hábito de incorporar as boas idéias dos povos conquistados.
Apesar dos remanescentes ainda vivos, esses centros de convivência assim como as escolas foram desativados a partir do movimento de valorização da identidade brasileira promovida na era Vargas, com a obrigatoriedade do ensino da língua portuguesa, proibição de ensino de línguas e funcionamento de comunidades estrangeiras.
A segunda palestra foi O Corredor Cultural de Santo André: história e memória.
Apresentada pelo Dr. Leandro Cândido de Souza, que tratou do circuito traçado em 1990, na gestão do prefeito Celso Daniel* desde o Paço Municipal até o Museu de Santo André.
Foram mostradas fotografias antigas e atuais dos logradouros públicos, monumentos, e das construções evidenciando o interesse histórico e arquitetônico**.
Destaque-se que, como era de se esperar, mais uma vez, o horário marcado (e publicado) para o início dos trabalhos, não foi cumprido.
*Celso Daniel – Foi prefeito em três mandatos. Durante o terceiro, foi assassinado, possivelmente por alienígenas, porque apesar do longo tempo do ocorrido e dos depoimentos indicando os assassinos, ninguém foi condenado e o processo está esperando o decurso do prazo para ser arquivado.
**Fazem parte desse circuito, o Parque Celso Daniel (antigo parque Figueiras), Paço Municipal, Praça 4º Centenário, Monumento ao fundador João Ramalho, Prédio dos Correios, Escola Américo Brasiliense, Chácara Mimosa (hoje sede do Clube 1º de Maio), Casarões da Rua Bernardino de Campos, Travessa Diana, Estação Ferroviária, Cine Tangará, Rua Cel. Oliveira Lima, Casa da Palavra, Casa do Olhar, Concha Acústica, Igreja do Carmo, Cobertura do Calçadão, Largo com o busto do senador Fláquer e rua do mesmo nome, Cine-teatro Carlos Gomes e Museu de Santo André Dr. Otaviano Armando Gaiarsa, além de monumentos e “obras” de arte.