Nem as máquinas nos suportam
Normalmente gosto de assistir um filme ou o capítulo de uma série quando vou para a cama. Na noite deste domingo não foi diferente. A rotina foi mantida. Deitei-me e como ainda estou em férias pus-me a procurar, logo de cara, um longa para fechar a noite.
Entre as várias leituras de sinopses, seleção deste ou daquele título passei várias vezes pelo “Ela”, Her em inglês, protagonizado pelo Joaquim Phoenix.
Por fim, enredado pelo rosto tristonho do ator sobre aquele fundo não sei se rosa ou se vermelho do cartaz, decidi que talvez fosse interessante ver o que o filme teria a dizer.
Evidentemente, como a maioria das pessoas já deve saber, o filme fala sobre a relação de Theodore (Joaquim Phoenix) com um sistema operacional. Samantha como o próprio sistema se definiu é um software inteligente. Aprende rápido, tem uma conversa agradável e cativa pela simples arte de falar.
Theodore é um sujeito melancólico, talvez pela solidão que sente após um ano de separação de sua mulher e amiga de infância. Um dia, caminhando pela cidade é atraído pelo anuncio de um software de interação. Ele o compra e aí começa a bizarra relação homem x máquina.
Além de todo o processamento lógico, Samantha tem sentimentos. Se apaixona por Theodore e até transa com ele e tem orgasmos. O filme corre assim, a relação avança, homem e máquina saem juntos, brincam, vão à praia, conversam sobre a solidão dele a vontade dela em ter uma forma física, um corpo, para que ele pudesse possuí-la.
Após a visita da ex mulher para assinar o divórcio, Theodore começa a se mostrar muito confuso. A relação balança e por fim nem mesmo a máquina com todo o seu raciocínio lógico consegue entender o ser humano com suas inconstâncias. Não vou detalhar ou vou ser tomado por spoiler.
 
A ideia de um humano relacionar-se com uma máquina não é nova, aliás, fazemos isto todos os dias quando utilizamos nossas máquinas como extensões de nós mesmos, nossos carros extensões de nossos pés, nossos computadores extensões de nossos cérebros, mas, um romance?
Neste sentido o cinema é profético. Quem ainda não viu O Homem Bicentenário, uma máquina com sentimentos, que busca desesperadamente maneiras de se tornar humano pelo amor de uma mulher. E quem Lembra do David, o menino robô programado para amar do filme Inteligência Artificial do Steven Spilberg, muito tocante.
Assisti dias atrás o Blade Runner 2049 e chamou-me a atenção o holograma de uma mulher que nada mais é do que um software que interage com K um humano sintético, personagem de Ryan Gosling. E o que dizer de Deckard personagem do Herrison Ford que foge com um robô feminino em nome do amor.
Mas tem o outro lado. Em o Exterminador do Futuro as máquinas querem destruir a humanidade, em Matrix querem nos manter em uma realidade ilusória. Mas tudo bem ainda temos salvação, em Eu Robô um robô com sentimentos altruístas ajuda policiais a reprimir o controle da humanidade por robôs mau intencionados.
Enfim, são tantas previsões acerca dessa relação homem x máquina que só o amanhã dirá com certeza como será a nossa interação com as máquinas do futuro, se permeadas de amor ou de ódio.