"Humanos"

Enfm tudo voltou ao normal... As desilusões deixadas no portão dos meus olhos, a zombaria do mundo pela minha forma arcaica de enxergar o amor. Por algum tempo eu juro que acreditei nos sorrisos, nas mensagens, nos telefonemas. Por um tempo e, durante muito tempo esperei aquele SIM que mudaria todo esse curso de mentiras que, o mundo tem sido até agora. Bobagem! As coisas estão sempre mudando de curso, as curvas que te proporcionam surpresas, são as mesmas que te jogam em abismos intermináveis.

O mundo é uma selva! A única regra lá é; Sobreviver, se impor. Eu me arrisquei sair dos meus muros, abri as portas das minhas fortalezas, ousei revelar ao mundo como sou aqui, nesse maldito interior. Fui devastado, pedaços que levei anos para montar, destruídos em segundos, nem cacos sobraram, restou ao chão somente pó. Através das janelas dos meus olhos embaçados, para falar a verdade, eu nem sei ao certo se de fato, enxergo algo lá fora. O mundo lá fora esta totalmente escuro, e aqui dentro, a última fagulha de luz, apagou-se em mim.

Enfim, aquela maldita guerra interna retornou, mais forte, mais intensa. Eu nem sei com precisão quantos sentimentos estão mortos lá no campo da minha alma, não tive coragem de tentar resgatá-los, na verdade, eu me acovardei de novo. Me acorrentei a este choque de realidade. Não quero ir lá fora mais. Os "Seres humanos" me dão medo. Eu não os culpo! Em algum lugar da vida, em alguma curva desta estrada, todos já perderam a direção, perderam a fé, perderam o amor. Eu ainda respiro por aparelhos, esse coração burro insiste em crer que nessa turva escuridão, exista alguma luz. Perda de tempo, todos se apagaram... Há sentimentos mortos em todas as vidas. Eu não sucumbirei! Mas também não desembainharei minha espada de esperança, lutando por quem se quer valoriza minha existência. Até que alguma flor, brote lá fora, ficarei em minhas fortalezas, olhando através das minhas janelas embaçadas, o mundo escuro lá fora. Não derramarei minhas últimas gotas de amor, me aventurando entre espinhos.

(Hámilson Carf)

Hámilson Karf
Enviado por Hámilson Karf em 30/04/2018
Reeditado em 30/04/2018
Código do texto: T6323553
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