O Casamento

O Casamento

Itamambuca era cenário especial de um lindo dia. Reuniam-se Gabriela, seus amigos e cães no encontro do doce Mar dos Surfistas com o salgado Lago da Garças criando um palco de observadores de solados quentes e turbinas corajosas expostas ao sol. A praia estava sendo ornamentada por flores silvestres e a curiosidade dos penetras ia evoluindo a cada minuto girado pelo relógio da natureza. A areia combinava com o barroco da literatura do poeta que começava a escrever versos sobre a pequena pororoca. Sua sede era saciada com as geladas leveduras importadas.

Avistava-se o Resort do outro lado do rio onde uma chusma de convidados esperava o remador. Especulavam-se as vestes das mulheres quando se iniciou remadas líricas em direção ao cais para recolher os primeiros comensais da festa. Uma risada escandalosa chamava a atenção dos organizadores do evento e o motivo da piada era a quantidade de braçadas que o negro forte daria para atravessar os padrinhos vestidos de ternos esportes finos de tonalidade areia, as madrinhas de chemises esverdeadas e toda aquela turma de convidados. Imaginava-se o suor do pobre homem que sozinho serviria de mecanismo humano daquela balsa enfeitada. O outro cenário estava pronto e o som de Pearl Jam emocionava o padre que aguardava incansavelmente a chegada dos noivos. Ao fundo da enseada, abraçada pela mata atlântica, surgia o branco da sombrinha que dava vida ao itinerário da felicidade. Acenos de lenços brancos eram vibrados simbolizando a alegria da espera e aos poucos o leve barco trazia a noiva que deixara o público feminino especuloso. Ela vinha chegando ao som do rock que se estendia formado pelo blues de Etta Jones com o recurso da gaita de Hummel.

Finalmente, apresentava-se a passarela a futura esposa do alinhado rapaz alto que com sua face rosada e cabelos “buzz” chamava a atenção das jovens surfistas da escola da praia. O corredor de tapete de areia era estreito, mas não atrapalhava a entrada triunfal da figura que em passos muito lento aproximava-se do altar. O vento intermitente tentava erguer o véu que escondia o tão esperado rosto. Todos estavam ansiosos e curiosos. E ao se apresentar ao noivo, o que se viu foi Frederica, proprietária do Resort e ricaça senhora expor sua identidade de 72 anos.

“ E foram felizes para sempre”.

Ed Ramos
Enviado por Ed Ramos em 30/04/2018
Reeditado em 25/04/2022
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