O Dia que o Futebol parou a Guerra.
O Dia que o Futebol parou a Guerra
Era uma determinada manhã, cerca de 20 alunos selecionados do Ciep de um bairro da Zona Oeste do Rio partiram para uma batalha diferente da cotidiana. Seria uma disputa de um torneio de futebol patrocinado pela Unidade Pacificadora Policial de uma terceira comunidade, o qual premiaria o vencedor com um exuberante troféu.
Em seu território, os alunos eram vítimas dos temores das armas infiltradas e dos chumbos cruzados, pois havia naquele local uma disputa diferente e seus endereços eram divididos entre duas comunidades rivais. O conflito era o grande desafio para a comunidade escolar: fazer com que os alunos esquecessem esta guerra e criassem uma unidade chamada “ Os Guerreirinhos do Bacê”. A escola não teria mais divisões, os alunos das comunidades não se desafiariam mais e o time estaria enfim, feito.
Seria um combate diferente e após se reunirem com o professor de educação física, oraram de mãos dadas pediram a Deus proteção e êxito para a grande conquista do torneio. Rumaram à arena olímpica preparada para receber doze equipes de meninos sub-12.
Ao chegarem ao local havia um grande público ao redor do espetáculo e logo foram chamados à quadra para iniciarem o torneio em que o adversário era o time de maior torcida. Os Guerreirinhos não se intimidaram com a pressão do primeiro jogo e detonaram o adversário de maneira espetacular com uma goleada de 4 x 1, mandando para casa uma grande parte da torcida organizada do time revés. Parecera então que o caminho da conquista seria fácil, porém, o que se viu foi uma luta tremenda contra os outros adversários que compostos por violentas entradas e capciosos apitos, também não se intimidaram. A equipe do Brisolão vencia a cada jogo de maneira brilhante e finalmente chegou a grande final contra o time da casa.
O artilheiro do evento estava praticamente definido e era o nosso craque. O goleiro estava concentrado, mas um paradoxo mudou o rumo da história com uma infeliz expressão de um dos organizadores do evento:
- Perdeu!
- Perdeu!
Estas palavras vieram do árbitro fardado em direção aos jogadores no momento de definição da conquista do título e penalidades foram perdidas resultando a baixa estima do grande arqueiro que observava a última bola morrer no fundo de sua rede.
O pequeno estádio explodia de emoção, os donos da casa venceram e mais uma vez a Política e o Futebol se misturaram.
Nossos pequeninos guerreiros choravam demasiadamente sendo consolados pelo mestre que conseguiu a grande vitória de incluí-los em uma pequena sociedade: a unidade formada por alunos que esqueceram a guerra entre suas comunidades se unindo pela mistura dos seus suores nos abraços e suas vozes em gritos de “Gooooooooool”. O professor os fazia refletir sobre a trajetória do fato, pois nunca haviam sequer sido treinados e mesmo improvisados tinham se tornado os verdadeiros campeões vencendo todos os obstáculos para poderem chegar a final.
No dia seguinte, de volta à rotina, a alegria era estampada nas faces daqueles pequeninos seres, "Os guerreirinhos do Bacê " e busquei o passado:
“ O dia que Pelé parou a guerra”.