A rapidez está na caneta
Desde que me entendo por gente - e isso desde que nasci - os avanços tecnológicos me fascinam. Escrever para que? Digitar cansa menos. Aliás, até pouco tempo estava planejando uma campanha pessoal para aposentar de vez o caderno e a caneta. O lápis foi o primeiro da lista a sair de minha vida. A campanha se resume em comprar um not-book, assim, não precisava carregar um monte de caderno e livros, diminuindo minha alergia à poeira. Não sei por que papel adora carrega-la.
No auge de minha revolução tecnológica, meu orientador de pesquisas me lançou um balde d’água fria, exigindo que imprimisse todos os fichamentos dos muitos livros que já li e lerei.
Mas, o que jogou água no meu refrigerante – já que não bebo bebidas alcoólicas – foi uma entrevista com Magnólia. Um homossexual antigo de Aracaju que virou alvo da revista acadêmica que faço parte. Demorei muito para transcrever a entrevista, e quando a fiz, percebi que minhas mirabolantes idéias de aposentar a caneta iam por água abaixo.
Enquanto ouvia a entrevista, usando o Windows Media Player, tentava digitar o que dizia Magnólia. Como ainda sou uma tartaruga nos teclados, pausava e repetia muito a fala do senhor ou senhora (como preferirem) que popularizou o homossexualismo em Aracaju com suas roupas de fantasia, como as de Carmem Miranda. Sentia-me como um escriba iniciante. O resultado não poderia ser outro, uma baita dor de cabeça.
Acreditem! Demorei cerca de duas semanas para terminar de transcrever.
Como minha agenda de pesquisas está cheia não poderia me dar ao luxo de ter dores de cabeça. Colocando minha massa encefálica para funcionar, tive a brilhante idéia de voltar ao passado, ao invés de digitar, resolvi escrever, e assim, em menos de duas horas havia concluído o serviço.
O problema agora é entender o que escrevi.