Selva de Pedra.
Meus olhos buscam o fascínio das coisas simples, entre estas tantas selvas de concreto, perdeu-se muito de nós.
Eu falo daquela simplicidade comum que, nos acometia de encantos. Lembro-me de olhar pela janela do segundo andar e, observar muitos rostos maquiados por sorrisos, outros com aquela sombra escura de tristeza, porém rostos serenos em suas tantas formas.
Recordo-me das vezes que estagnado, admirava o por do sol na calçada dos meus pensamentos, o pátio de muitos outros olhares esvaziavam-se de si, e não havia uma casa humana que, não rendesse-se por longos momentos ao espetáculo do sol escondendo-se por detrás das mangueiras no poente.
Havia uma simplicidade desmedida em cada ser, das tantas preocupações, ser feliz parecia predominar. ouvia-se nas padarias, nas "tabernas" vizinhos conversando, o cumprimentar era religioso, quase como que transcrever um dia perfeito na vida de alguém. Não vivíamos presos dentro de nossas masmorras particulares, o sorriso, o olhar cortes era a Maquiagem mais bela no rosto de muitas pessoas.
Éramos tão naturais, tão próximos a natureza, mulheres tão próximas de sua evolução "as flores". Os homens desde sempre já achavam-se "animais selvagens", um potro, um garanhão dispondo-se a ser domado por mãos sensíveis de uma flor mulher... Ainda sim era uma "selvageria" simples, natural. Perdemo-nos em algum momento lá atrás, de repente confundimos "EVOLUÇÃO" com Destruição do simples, do natural...
O sorriso, elemento natural de um belo rosto, deu lugar aos quilos de maquiagem, que na maioria das vezes são usados para disfarçar um rosto cansado da modernidade, da correria, da competição desenfreada de uma beleza dispensável; diga-se de passagem, afinal, as mulheres vestem-se para ficar bonitas para outras mulheres. Isso mesmo, suas tentativas até foram direcionadas aos homens, no entanto estes por sua vez, lutam lá pelo controle da TV assistindo o maldito futebol, correm desesperados em busca de promoções, maiores salários, de repente o melhor carro, o mais caro fará dele o melhor entre os melhores. Demolimos nossos belos castelos, devastamos nossos bosques, aterramos nossos lagos, construímos nossa floresta de concreto... O banco da praça foi destruído por vândalos que, nós mesmos criamos. Debaixo daquelas árvores que escrevemos nossos nomes apaixonados, ninguém namora mais. Ela sobreviveu ao tempo, mas desconhece o ambiente, esta solitária entre calçadas. Aquele belo por do sol, nem a árvore solitária e tão pouco nós contemplamos, isso por dois motivos: A correria do cotidiano nos furta este privilégio, e o segundo é que perdemos tanto o conceito de Natural que; diz-se mais gostoso a sombra dos grandes prédios que nos cercam, do que o sol beijando nosso rosto num gesto como quem diz: AMANHÃ EU VOLTO PARA TE ILUMINAR NOVAMENTE. Acendam-se as luzes "Naturais" da cidade, pois hoje é mais um dia em que não veremos a luz "Artificial" das estrelas....
(Hámilson Carf)