O Preguiçoso
Já era meio dia quando terminou de capinar toda a área do sítio. O suor pingava o peito do pé. O sangue fervia na cabeça e o fazia murmurar. “Quero ver me chamarem de preguiçoso agora!”.
De um gole só toma um copo de água. Pega todo o mato capinado e começa empilhar nos sacos que outrora serviam as farinhas. Duas horas depois, percebe todo sítio capinado e livre dos inúteis matos.
Lava a enxada, guarda-a e segue para a casa de farinha. Descasca toda a mandioca, limpa-a com cuidado e deixa-as prontas para o sacrifício de se tornarem pó. “Me chamem de preguiçoso agora?”, indaga entre murmúrio.
Já são cinco horas da tarde, é hora de por água aos animais, o que tendo feito vibra por um dia tão produtivo, o dia que não dormirá sobre reclamações de seus pais, o dia que deitará e logo dormirá já que não dormiu durante o dia.
Enquanto festeja, tropeça e cai. E percebe que nada passou de um sonho. Acordado, tem a oportunidade de se realizar, mas sem pestanejar volta a roncar.