O exício de Getúlio Dornelles Vargas
O exício de Getúlio Dornelles Vargas
Lembro-me como se fosse hoje do suicídio de Vargas.
Como minha avó materna fazia aniversário no dia 23 de Agosto, a família se reunia para comemoração natalícia da nona, a matriarca mineira. Ao festejo vinham os irmãos do vovô, gente do berço de Minas Gerais, críticos da politica café-com-leite, eloquentes com acirrada discussão política.
Como as crianças não participavam das conversas dos adultos, não tinha porque eu estar, aos nove anos, no meio deles. Com o subterfugio de procurar uma rodinha do carrinho, do meu priminho, adentrei como quem de passagem, e por lá fiquei, ouvindo aquela discussão. Ouvi que todos eram unanimes contra Getúlio Vargas. Que aquele presidente da República dos Estados Unidos do Brasil, não poderia continuar no poder. Sai convencido e partidário dos oposicionistas e ficou gravada na minha memória aquela opinião politica.
Pois bem, no dia seguinte, na minha casa, ouvindo o radio do vizinho, em alto e bom som, a notícia de que Getúlio Dorneles Vargas havia suicidado no Palácio do Catete, na madrugada do dia 24 de Agosto.
No porão de casa havia uma máquina de lavar roupas, tendo o seu corpo como um tipo de tonel, e dentro dela uma espécie de hélice de três pás que faziam um movimento de vai-e-vem pra direita e pra esquerda lavando a roupa e enxaguando. Pra secar havia um suporte com dois cilindros sobre a máquina que rolavam uma sobre a outra, e nela a gente colocava a roupa entre os dois rolos que espremiam as peças vertendo a agua pra dentro da máquina.
Tínhamos uma empregada doméstica, magra, alta negra, olhos arregalados, que operava muito bem aquela máquina, e como todos empregados da época, amavam Getúlio pelas berneies advindas da CLT.
Quando ouvi aquela notícia “alvissareira” entrei no porão dizendo: -“Bem feito!” ao que fui censurado pela criada, pelo modo comportamental que ousei faze-lo.
Porém já estava no meu sangue àquela epopeia de 1932, vocacionada revolução, dos meus parentes combatentes, contra Getúlio Vargas.
Assim é que, na mocidade, abracei a causa da Sociedade Veteranos de 32 – MMDC tornando-me voluntário na prestação de serviço, desfilando nas paradas cívicas, por ocasião de 23 de Maio e de 9 de Julho até os dias de hoje.
Por este motivo fui agraciado com as Comendas Pedro de Toledo e do MMDC, e convidado para fazer parte do Conselho Deliberativos da Sociedade Veteranos de 32 e Comandante in Chefe do Estado Maior do Exercito Constitucionalista.
São Paulo, 27 de Abril de 2018.
José Francisco Ferraz Luz*
*Advogado, Jornalista, Escritor, Poeta, membro da Academia Paulistana Maçônica de Letras. APP Associação Portuguesa de Poetas, APE Associação Portuguesa de Escritores, MPN Movimento Poético Nacional, Casa do Poeta de São Paulo “Lampião de Gás”.