O CAFÉ DA MANHÃ NA FAZENDA CAJAZEIRAS

A casa grande é a nossa fortaleza, ela nós abriga, ela nós fortalece. Lembro do cheiro da lenha queimando na cozinha, o cheiro do café, vovó comandando milimetricamente as ações para mais um dia, lá fora um galo Campina açoita, tiu, tiuiu, tiu, tuiu. A essa altura do campeonato o entrançado de gente é grande, Marica passa com uma galinha morta, o pescoço tinha meio metro da repuxada, o sangue é apurado em uma tijela, para fazê-lo à cabidela. A fila no banheiro é intensa, por conta disso a primeira pendenga se aflora, trazendo os primeiros gritos matinais, que logo são contidos com a intervenção da comandante. O cheiro do cuscuz anuncia o ponto, a mesa já está cheia de gente, outros atrás esperam seu momento, os menos pacientes comem em pé mesmo. É assim o amanhecer na fazenda cajazeiras, é assim nossa vida, era assim minha vovó Francisquinha.

Fred Coelho
Enviado por Fred Coelho em 27/04/2018
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