A PEDAGOGIA DE PESTALOZZI
Não sou perita em educação, por isso não opino sobre, mas posso pensar sobre. Nada me impede, num país democrático em que vivo, de ler e pensar sobre o assunto.
Isso consegui, logo após ler PESTALOZZI – UM ROMANCE PEDAGÓGICO, do psicanalista Walter Oliveira Alves. Com essa leitura conheci um pouco mais sobre o pedagogo Johann Heinrich Pestalozzi e seus métodos de educação.
Aprendi que Pestalozzi, quando criança, em Zurique, por volta dos anos de 1750, mesmo sendo retraído, aprendia muito depressa, pois prestava especial atenção nas aulas que lhe despertavam interesse, aprendendo com rara facilidade. E isso o fez pensar sobre o futuro da educação...
Quando adulto via na educação, o único remédio eficaz para os males do mundo. Mas os obstáculos estavam na própria sociedade, nos costumes, nas escolas, na Igreja.
A sociedade estava corrompida pelos maus costumes e pelos preconceitos; as escolas ensinavam palavras e a Igreja ensinava dogmas que deveriam ser aceitos sem contestação. Era necessária uma educação que levasse a criança a compreender os fatos da vida. A educação tinha que partir das impressões pessoais que levavam à verdadeira compreensão e as palavras e explicações deveriam vir em seguida. A religião deveria ser compreendida e sentida, e não aceita com dogmas impostos.
Esse é o germe do que seria chamado, mais tarde, de método intuitivo, em que a criança é levada a trabalhar com todos os sentidos, com a inteligência e com o sentimento simultaneamente. A criança observa - que inclui olhar, ouvir, tocar, comparar e analisar - determinado objeto ou fenômeno utilizando os órgãos dos sentidos, a inteligência e o sentimento, até compreender exatamente do que se trata. Depois, se expressa pela linguagem oral e escrita, pelos desenhos, figuras, modelagem e até pela dramatização.
A criança deve ser capaz de pensar, sentir e agir para formar os conceitos por si mesma, pela sua própria experiência, e não por ensinamentos dados prontos. O educador não vai apresentar definições à criança, mas levá-la a perceber, compreender e sentir o real significado do conteúdo em estudo.
Em 1798 a Suíça foi invadida pelos franceses. Pestalozzi publicou diversos panfletos em que pregava a união e a paz. Exortou o governo a aplicar a justiça, a moralidade e a proporcionar a boa educação para o povo. Iniciou aí o gigantesco trabalho de resgatar a dignidade das crianças, retirando-as das ruas, dando-lhes abrigo, comida e roupas.
Se tivesse usado de pressões, regulamentos, sermões, ao invés de conquistar o coração de suas crianças, ele as teria aborrecido e afastado do seu alvo. Primeiro que tudo, ele despertou nelas, nobres e puros sentimentos morais, para depois poder obter sua atenção, atividade e obediência.
Era enérgico, mas amoroso, despertando um respeito profundo que nascia no calor do sentimento de carinho, gratidão e amor. Não apenas lecionava religião: vivia a religiosidade. Foi capaz de criar um ambiente onde reinava um sentimento elevado, confiança e fé. Deus não era louvado num altar ou templo, mas estava presente na natureza e por toda parte.
As crianças recebiam uma educação abrangente, baseada no respeito e no amor, que incluía o aspecto intelectual, emocional, espiritual e físico.
A grandeza de Pestalozzi era igual a sua humildade e simplicidade. Um gigante na dedicação, firmeza, persistência e no seu imenso amor à causa da educação e às crianças.
Assim eram os métodos educacionais de Pestalozzi em Zurique no século XVIII. E nos dias atuais aqui no Brasil? Como anda nossa educação?
Simone Possas Fontana
escritora gaúcha de Rio Grande-RS,
membro da Academia de Letras do Brasil/MS, ocupando a cadeira 18,
membro correspondente da Academia Riograndina de Letras,
membro da UBE/MS – União Brasileira de Escritores,
autora dos livros MOSAICO, A MULHER QUE RI, PCC e O PROMOTOR
graduada em Letras pela UCDB,
pós-graduada em Literatura,
contista da Revista Criticartes,
blog: simonepossasfontana.wordpress.com