Escrita e leitura
Hoje vou tecer alguns comentários sobre escrita e leitura. No meu tempo de escola se fazia necessário que os alunos praticassem a caligrafia e a leitura silenciosa. Para um aluno escrever à máquina, devia antes fazer um curso de datilografia, com exercícios repetitivos sobre as teclas. Considero a caligrafia, que ainda é praticada em cartórios como uma forma de arte, assim como o desenho manual. Em se tratando de arte, tenho observado que uma prática, muitas vezes depende de outra, assim, um bom ouvinte de música, pode se tornar um bom músico, como um bom leitor pode vir a ser um bem-sucedido escritor. Agora sobre as leituras, é bom que se diga que estas, podem ser feitas não só em livros, mas na própria natureza, nas pessoas, na vida e nos aprendizados do cotidiano. Para se entender bem algum texto literário, é bom que se saiba quem é o autor, a época em que viveu, a moral do seu tempo... para daí se focalizar melhor a mensagem. A intertextualidade, ou seja, as leituras de variados textos antes, sobre determinados assuntos é que vai dar ao escritor uma maior bagagem para expressar no seu texto.
Alguns autores, poetas e cronistas afirmam carecer do ingrediente da inspiração para criarem suas obras, já outros dizem que criam sob efeito de esforço, ou seja transpiração. Batista de Lima, colunista do Diário do Nordeste, citou em uma crônica sobre esse mesmo assunto que: “O ato de escrever tem semelhança com a culinária. Afinal, mesmo o escritor sendo seu primeiro leitor, ele escreve para o outro. Para isso ele prepara seu texto como quem prepara um quitute para o agrado de um comensal. É importante, portanto, temperar o texto para lhe dar sabor. O saber possui o seu sabor. A sabedoria é saborosa. Ler se torna uma degustação. Ler se torna um ato prazeroso porque o texto possui o seu prazer. A forma textual bem preparada é o caminho primeiro para se alcançar o prazer do leitor, que começa no prazer do escritor diante de sua arte”.
Tanto a escrita, como a leitura, são formas de prazer para os que se dedicam a essas expressões artísticas. São variadíssimos os estilos literários, e eles podem trazer em si contrastes gritantes, como o que se lê no Grande Sertão: Veredas, do Guimarães Rosa, que mescla o linguajar do matuto com a norma culta. Termino a crônica com o fechamento do cronista Batista: “Para se alcançar o prazer do texto, que começa com os sabores que os saberes transportam, é preciso caprichar nos ingredientes que compõem essa culinária”.