EMBRULHOS
Quanta energia é gasta para transformar a matéria em felicidade, não é? É uma loucura essa necessidade de possuir coisas, cada vez mais caras e tão desnecessárias. Estamos esquecemos os verdadeiros valores.
E muitas vezes damos mais valor às coisas do que demostrar nossos sentimentos. Algumas pessoas costumam se deixar encantar com o preço dos presentes do que com o conteúdo, já perceberam isso? O ato de presentear ― seja no Natal, dia das crianças ou na Páscoa ― virou uma corrida desenfreada para determinar quem pode mais, quem é mais importante, quem tem mais condições.
E quando abrimos um pacote grande, os nossos olhos brilham com as possibilidades; mil coisas passam por nossas cabeças antes mesmo de desembrulhar. E nem sempre o conteúdo satisfaz as nossas expectativas. Porque os presentes nos enchem os olhos, mas não a alma. É bem verdade que, às vezes, o dinheiro ajuda a comprar ilusões. Mas ilusões são como bolhas de sabão cheias de fumaça, uma hora estouram e a fumaça escapa.
Eu mesma me contento com as caixas, adoro as caixas. E nem precisa ser uma grande caixa, mas uma bem embrulhada. Vai ver que é por isso que diz o ditado: “esse é fácil de se embrulhar”. Eu confesso, sou fácil de ser embrulhada. Não preciso de um presente grande ou caro para me agradar; pode ser um alfinete. Porque o verdadeiro conteúdo está por trás do ato de embrulhar.
Muitas vezes esquecemos o verdadeiro significado da mensagem ao presentear: carinho, amor e esperança. Pois a verdadeira felicidade não se compra... Mas pode ser embrulhada.