Uma Bela Mentira
Uma Bela Mentira
O poeta mente, como o eu lírico de Fernando que finge que é dor a dor que deveras sente. Um conto mentiroso, tudo imaginação como o fantástico mundo de Bob, uma cena inventada de tristeza e dor que tira lágrimas da leitora solitária. Ela o aborda na calçada e confessa o choro e a quantidade de seus cachorros e gatos que foram pegos na rua e tratados, uma veracidade.
O trovador chega a casa e não encontra nada, não encontra o amor, o jardim de corações partidos, a morena, o fetiche, também não encontra a melancolia, a cachaça, a morte, o preconceito. Deita-se na rede da varanda e observa o céu repleto de nuvens que passam lentamente formando desenhos de ursinhos, carneiros e poodle. Varre o passado e recorda das palavras jogadas fora, desperdiçadas, que calcaram os que andavam na calçada e machucaram o coração de muita gente. As palavras agora são gravadas em mentes não voláteis de seres sensíveis como aquela pequena que acredita que o homem é solidário, cuida dos cães encontrados e escreve muito próximo da realidade, uma verossimilhança.
Ele acredita que diferente da mitologia, a poesia não muda, passará gerações e gerações e Maria Eduarda será sempre formosa e bela.
A musa chega e volta a inspiração, a vontade de cantar, de mentir de novo.