A Inclusão de Davi
A Inclusão de Davi
Davi, um aluno da Classe Especial, é convidado a visitar o Centro Cultural Banco do Brasil. No percurso da viagem, ele é falador, contador de histórias. Sua imaginação é farta de episódios exóticos de quadrinhos que nos leva a pensar ser ele o próprio personagem inventado.
Para o aluno deficiente deve ser bom viver imerso em seu próprio mundo, porém há a necessidade de participar de eventos os quais existem dinâmicas de grupo que melhora o entrosamento dos indivíduos. Como participante, o carente aluno tenta se ambientar na sua forma peculiar com os demais, mas é ignorado involuntariamente por vício da nossa própria cultura.
O guia do museu inicia a sua paciente jornada e apresenta aos alunos a obra My City, uma instalação em grande escala composta por móveis, portas e janela de demolição, que carregam simbolicamente a biografia de Song Dong, cujo passado é marcado por privações econômicas e tensões psicológicas. Por fora, a construção remete a uma favela; em seu interior, um paradoxo, assemelhando-se a um palácio.
Davi observa concentradamente os lustres como se tivesse pisando pela primeira vez em um palco luminoso e varre a sala com um olhar perceptivo que o induz a encarar fixamente o guia. A arte atingiu a sua sensibilidade e o deixou apto a responder de igual para igual quaisquer que fossem as indagações:
- Vocês sabem o que representa este lugar?
- Sei. É uma favela.
- Vocês sabem de onde foram tiradas estas peças?
- Sei. Do lixo.
- E qual foi a peça que o artista chinês trouxe de seu país para o Brasil?
- Sei. É aquela ali.O célebre aluno acertava o alvo e com um sorriso espalhafatoso deixava a mensagem:
" Morava, pois, Mefibosete em Jerusalém, porquanto sempre comia à mesa do rei Davi, e era coxo de ambos os pés".